Exército na Bíblia. Significado e Versículos sobre Exército
Durante o Êxodo, todo homem, de idade superior a vinte anos era soldado (Números 1.3), sendo isentos do serviço militar somente os sacerdotes e os levitas (Números 2.33). Cada tribo formava um regimento, com a sua própria bandeira e o seu próprio chefe (Números 2.2 – Números 10.14).
Quando estava próximo o inimigo, era feito o alistamento de todos os combatentes. Alguns destes podiam ser dispensados do serviço em determinados casos (Deuteronômio 20.5 a 8). O exército era, então, dividido em milhares e centenas, sob o comando dos seus respectivos capitães (Números 31.14 – 1 Samuel 8.12 – 2 Reis 1.9).
Depois da entrada dos israelitas na terra de Canaã e depois de disperso o povo por todo o país, podiam os combatentes ser chamados na excitação do momento por uma trombeta (Juízes 3.27), ou por mensageiros (Juízes 6.35), ou por algum significativo sinal (1 Samuel 11.7), ou, como em tempos posteriores, pelo arvorar de um estandarte (Isaías 18.3 – Jeremias 4.21 – Jeremias 51.27), ou ainda por meio de uma fogueira sobre algum lugar eminente (Jeremias 6.1).
Escoltava o rei um certo número de guerreiros, que formavam o núcleo do exército. A guarda de Saul era de 3.000 guerreiros escolhidos (1 Samuel 13.2 – 1 Samuel 14.52 – 1 Samuel 24.2) – e Davi tinha 600, que ele, com o correr do tempo foi aumentando (2 Samuel 15.18).
Mais tarde organizou uma milícia nacional, dividida em doze regimentos, tendo cada um destes o nome dos diferentes meses do ano (1 Crônicas 27.1). À frente do exército, quando estava em serviço ativo, punha o rei um comandante chefe (1 Samuel 14.50).
Até esta ocasião o exército constava inteiramente de infantaria, mas como as relações com os povos estranhos aumentavam, muita importância foi dada aos carros de guerra. Estes não eram de grande utilidade na própria Palestina, devido a ser muito acidentado o país, mas podiam ser empregados com vantagem nas fronteiras, tanto do lado do Egito, como da banda da Síria.
Davi pôs de reserva cem carros, do despojo dos sírios (2 Samuel 8.4) – Salomão tornou muito maior esse armamento, e aplicou-o à proteção das povoações da raia, sendo para esse fim estabelecidas estações em diferentes localidades (1 Reis 9.19).
Essa força foi aumentada até ao número de 1.400 carros – 1 Reis 12.000 cavaleiros. Para cada carro eram destinados três cavalos, ficando o terceiro de reserva (1 Reis 10.26 – 2 Crônicas 1.14). Os diversos postos do exército eram os soldados (homens de guerra), os tenentes (servidores), os capitães (príncipes), os oficiais do estado-maior, e os oficiais de cavalaria (1 Reis 9.22).
As operações de guerra começavam geralmente na primavera, depois de solenemente se pedir a Deus a Sua proteção. (*veja Urim e Tumim.) os sacerdotes levavam a arca e acompanhavam os combatentes com o fim de infundir coragem e prestar qualquer auxílio.
Eles também influiam na qualidade de arautos e de diplomatas, tanto antes como depois da guerra (Números 10.8 – Deuteronômio 20.2 a 4 – 1 Samuel 7.9). Os judeus, como guerreiros, eram terríveis combatentes, gostando de aproximar-se do inimigo, e levá-lo à luta de corpo a corpo.
Precipitavam-se sobre o adversário, dando altos gritos e tocando trombetas. Mostravam, também, grande astúcia na guerra, preparando emboscadas e efetuando ataques noturnos. (*veja Davi, Jonatas.) os feitos de valor eram generosamente recompensados.
Antes do estabelecimento de um exército permanente, tinha o soldado de prover a sua própria armadura, e pela força ou outros meios devia obter o seu alimento. Mais tarde tornou-se o exército um encargo nacional, embora os soldados não recebessem soldo.
O exército romano pode ser descrito nesta maneira esquemática: Uma centúria = 50 a 100 homens, Duas centúrias = 1 manípulo, Três manípulos = 1 coorte, Dez coortes = 1 legião. Segue-se que havia sessenta centúrias numa legião, cada uma das quais era comandada por um centurião.
Primitivamente constava a centúria, como o nome dá a conhecer, de cem homens, mas depois variava o número segundo a força da legião. No Novo Testamento acha-se mencionada ‘a legião’ (Mateus 26.53 – Marcos 5.9) – e a ‘coorte’ (Mateus 27.27 – Marcos 15.16 – João 18.3 a 12 – Atos 10.1 – Atos 21.31 – Atos 27.1).
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O comandante de uma coorte (Lat. Tribunus, gr. Chiliarck, isto é, comandante de 1000) é mencionado em João 18.12, e várias vezes em Atos 21 a 24. Neste último caso a coorte era a guarnição romana de Jerusalém, com o seu quartel no Forte Antônia, contíguo ao templo.
Além dessas coortes legionárias, havia também coortes de voluntários, servindo ao abrigo dos estandartes romanos. Uma destas chamava-se coorte italiana (Atos 10.1), porque era formada de voluntários da itália.
O quartel general das forças romanas, na Judéia, era Cesaréia. A ‘coorte imperial’ (ou ‘Augusta’), a que se faz referência em Atos 27.1, pode ter sido alguma das espalhadas pelas províncias, talvez a de Samaria, pois que a esta cidade tinha Herodes dado o nome de Sebasta (Lat. Augusta).
E pode também essa coorte ter derivado o seu nome de alguma honra especial, concedida pelo imperador a esse corpo do exército. Referências ao oficial ‘centurião’ acham-se em Mateus 8.5 – Mateus 27 54, e freqüentemente no livro dos Atos.
Quatro soldados constituíam a ordinária guarda militar, e como esta havia quatro, correspondentes às quatro vigílias da noite, e que se rendiam de três em três horas (João 19.23 – Atos 12.4). Quando uma guarda tinha a seu cuidado um prisioneiro, acontecia então que dois soldados vigiavam fora das portas da prisão, enquanto os outros dois estavam na parte de dentro (Atos 12.6).
Os arqueiros mencionados em Atos 23.23, parece terem sido tropas irregulares, que eram armados à ligeira.
Exército – Dicionário Bíblico de Easton
Exército
Os Israelitas saíram do Egito em ordem militar (Êxodo 13.18, “armados;” marg., “cinco em fileira”). Cada tribo formou um batalhão, com sua própria bandeira e líder (Números 2 – Números 10.14). Na guerra o exército era dividido em milhares e centenas sob seus respectivos capitães (Números 31.14), e também em famílias (Números 2.34; 2 Crônicas 25 – 2 Crônicas 26.12).
Desde a entrada na terra de Canaã até a época dos reis, os Israelitas tiveram pouco progresso em assuntos militares, embora frequentemente envolvidos em guerras. Os reis introduziram o costume de manter uma guarda pessoal (os Gibborim; isto é, “heróis”), e assim o núcleo de um exército permanente foi formado.
Saul tinha um exército de 3.000 guerreiros selecionados (1 Samuel 13 – 1 Samuel 14.52 – 1 Samuel 24.2). David também teve um grupo de soldados ao seu redor (1 Samuel 23.1 – 1 Samuel 25.13). A esse grupo, ele posteriormente adicionou os Queretitas e Peletitas (2 Samuel 15.1 – 2 Samuel 20.7).
No início, o exército consistia apenas de infantaria (1 Samuel 4.1 – 1 Samuel 15.4), pois o uso de cavalos era proibido (Deuteronômio 17.16); mas depois foram acrescentados carros de guerra e cavalos (2 Samuel 8.4; 1 Reis 10.2 – 1 Reis 10.28, 10:29; 1 Reis 9.19).
Em 1 Reis 9.22 é fornecida uma lista das várias graduações de patente detidas por aqueles que compunham o exército. O equipamento e a manutenção do exército eram às custas públicas (2 Samuel 17.2 – 2 Samuel 17.29; 1 Reis 4.27; 1 Reis 10.1 – 1 Reis 10.17; Juízes 20.10).
No Êxodo, o número de homens acima de vinte anos capazes de portar armas era de 600.000 (Êxodo 12.37). No tempo de David esse número subiu para 1.300.000 (2 Samuel 24.9).
Easton, Matthew George. “Entrada para Exército”. “Dicionário Bíblico de Easton”.
Exército – Dicionário Bíblico de Smith
Exército.
I. EXÉRCITO JUDEU–Todo homem acima de 20 anos era um soldado, (Números 1.3) cada tribo formava um regimento, com sua própria bandeira e seu próprio líder (Números 2 – Números 10.14). Suas posições no acampamento ou na marcha eram precisamente fixadas, Nm. 2; o exército inteiro começava e parava a um dado sinal, (Números 10.5; Números 10.6) assim eles saíram do Egito prontos para a luta. (Êxodo 13.18) Na aproximação de um inimigo, fazia-se uma conscrição do corpo geral, sob a direção de um mestre de alistamento, (Deuteronômio 20.5; 2 Reis 25.19) por quem também os oficiais eram nomeados. (Deuteronômio 20.9) O exército então se dividia em milhares e centenas sob seus respectivos capitães, (Números 31.14) e ainda mais em famílias. (Números 2.34; 2 Crônicas 25.5; 2 Crônicas 26.12) Com o rei surgiu o costume de manter uma guarda pessoal, que formou o núcleo de um exército permanente, e a banda de Davi de 600 homens, (1 Samuel 23.13; 1 Samuel 25.13) ele reteve depois que se tornou rei, e adicionou os CHERETHITES e PELETHITES. (2 Samuel 15.18; 2 Samuel 20.7) Davi ainda organizou uma milícia nacional, dividida em doze regimentos sob seus respectivos oficiais, cada um dos quais era chamado por um mês no ano. (1 Crônicas 27.1)…
Não parece que o sistema estabelecido por Davi foi mantido pelos reis de Judá; mas em Israel a proximidade do reino hostil da Síria exigiu a manutenção de um exército permanente. A manutenção e o equipamento dos soldados às custas públicas datam do estabelecimento de um exército permanente. É duvidoso se o soldado alguma vez recebeu pagamento, mesmo sob os reis.
II. EXÉRCITO ROMANO–O exército romano era dividido em legiões, cujo número variava consideravelmente (de 3000 a 6000), cada uma sob seis tribunos (“chefes capitães”,) (Atos 21.31) que comandavam por turnos.
A legião era subdividida em dez coortes (“bandas”,) (Atos 10.1) a coorte em três maniplos, e o maniplo em duas centúrias, contendo originalmente 100 homens, como o nome indica, mas posteriormente de 50 a 100 homens, de acordo com a força da legião.
Havia assim 60 centúrias em uma legião, cada uma sob o comando de um centurião. (Atos 10.1; Atos 10.22; Mateus 8.5; Mateus 27.54) Além das coortes legionárias, coortes independentes de voluntários serviam sob as bandeiras romanas.
Uma dessas coortes era chamada de italiana, (Atos 10.1) como consistindo de voluntários da Itália. O quartel-general das forças romanas na Judeia estava em Cesareia.
Smith, William, Dr. “Entrada para ‘Exército’”. “Dicionário da Bíblia de Smith”. 1901.
Exército – Enciclopédia Internacional da Bíblia Padrão
Exército
O exército (chayil, “exército”, tsabha’, “hoste”, ma’arakhah, “exército em ordem de batalha”, gedhudh, “tropa”):
1. A Primeira Campanha da História
2. No Deserto
3. Os Tempos após a Conquista
4. Na Monarquia Inicial
5. Desde o Tempo de Salomão em Diante
6. Organização do Exército Hebreu
7. O Exército no Campo
8. Os Suprimentos do Exército
9. No Novo Testamento
Os israelitas não eram um povo distintivamente bélico e sua glória foi conquistada em outros campos que não os da guerra. Mas Canaã, entre o Mediterrâneo e o deserto, era a passagem do Oriente e o campo de batalha das nações.
Os israelitas, por necessidade de sua posição geográfica, frequentemente se envolviam em guerras que não buscavam, e sua coragem e resistência, mesmo quando derrotados em seus conflitos, lhes ganharam a admiração e o respeito de seus conquistadores.
1. A Primeira Campanha da História:
A primeira luta de forças armadas registrada nas Escrituras Sagradas é aquela em Gênesis 14 Os reis do vale do Jordão se rebelaram contra Quedorlaomer, rei de Elão—notável entre os reis do Oriente que chegaram ao Mediterrâneo com seus exércitos—e travaram batalha com ele e outros reis no Vale de Sidim.
Nessa campanha, Abraão se destacou pelo resgate de seu sobrinho Ló, que havia caído com tudo o que possuía nas mãos do rei elamita. A força com que Abraão efetuou a derrota de Quedorlaomer e dos reis que estavam com ele foi seus próprios criados – Gênesis 318 em número, que ele havia armado e liderado pessoalmente em sua perseguição bem-sucedida.
2. No Deserto:
Quando conhecemos os israelitas como uma nação pela primeira vez, eles são uma horda de fugitivos que escaparam da opressão amarga e do duro cativeiro do faraó. Embora pouco espírito marcial pudesse existir em um povo tão longa e gravemente oprimido, suas jornadas através do deserto em direção a Canaã são desde o início descritas como a marcha de uma grande hoste.
Era conforme a suas “armadas” (“hostes” na Versão Revisada) que Arão e Moisés deveriam levar os Filhos de Israel para fora da terra do Egito (Êxodo 6.26). Quando entraram no deserto, subiram “armados” para as jornadas que os aguardavam—onde “armados” pode indicar não as armas que carregavam, mas a ordem e os arranjos de um corpo de tropas marchando em cinco filas (hamushshim) ou divididos em cinco corpos de exército (Êxodo 13.18).
No caminho pelo deserto, acamparam (Êxodo 13.20; e passim) em seus sucessivos locais de parada, e todo o exército de 600.000 foi, após Sinai, marcado em divisões ou corpos de exército, cada um com seu próprio acampamento e insígnias das casas de seus pais (Números 2.2). “De vinte anos para cima, todos os que podiam sair para a guerra em Israel,” os machos das tribos foram numerados e designados para o seu lugar no acampamento (Números 1.3).
Naturalmente, no deserto eram infantes (Números 11.21), e não foi até o período da monarquia que outras armas foram adicionadas. Arco e funda e lança e espada para ataque, e escudo e capacete para defesa, seriam o equipamento completo dos homens chamados para lutar no deserto.
Embora pouco se fale das graduações de rangos militares, lemos sobre capitães de milhares e capitães de centenas no deserto (Números 31.14), e Josué comanda os homens de combate na batalha contra os amalequitas em Refidim (Êxodo 17.9).
Que os israelitas adquiriram nos seus trajetos pelo deserto a disciplina e espírito marcial que os tornariam um povo guerreiro, pode ser inferido pelos seus sucessos contra os midianitas, contra Og, rei de Basã, no final dos quarenta anos, e pela organização militar com a qual procederam à conquista de Canaã.
3. Os Tempos após a Conquista:
Em mais de uma campanha, os israelitas sob a liderança de Josué estabeleceram-se em Canaã. Mas foi em grande parte por meio da iniciativa das várias tribos depois disso que a conquista foi alcançada. O progresso dos invasores foi obstinadamente contestado, mas Josué encorajou seus parentes de Efraim e Manassés a continuarem a conquista até mesmo contra os invencíveis carros de guerra dos cananeus—”porque tu expulsarás os cananeus, embora eles tenham carros de ferro e embora sejam fortes” (Josué 17.18).
Assim como na história inicial de Roma, onde a defesa do estado era uma obrigação que recaía sobre cada indivíduo segundo sua participação no bem-estar público, assim foi no início em Israel. Ciúmes tribais, no entanto, prejudicaram o sentimento de nacionalidade e impediram a ação unida, uma vez que o povo havia se estabelecido em Canaã.
As tribos tinham que defender o seu próprio território, e apenas uma grande emergência as uniu em ação comum. A primeira abordagem notável à unidade nacional foi vista no exército que Baraque reuniu para enfrentar o exército de Jabim, rei de Hazor, sob o comando de Sísera (Juízes 4.5).
Na canção de guerra de Débora em comemoração à notável vitória conquistada por Baraque e ela mesma, os homens das tribos do norte, Zebulom, Naftali, Issacar, juntamente com guerreiros de Manassés, Efraim e Benjamin são elogiados pela valentia com que resistiram e derrotaram o exército—infantaria, cavalaria e carros—de Sísera.
Mais uma vez as tribos de Israel se reuniram em força desde “Dã até Berseba, com a terra de Gileade” (Juízes 20.1) para punir a tribo de Benjamim por condenar uma ultrajante violência. A única tribo foi derrotada na batalha que se seguiu, mas conseguiram colocar em campo “26.000 homens que sacavam espada,” e também tinham “700 homens escolhidos canhotos; cada um podia atirar pedras a um fio de cabelo, e não errar” (Juízes 20.15,16).
4. Na Monarquia Inicial:
Até esse momento, as forças de combate dos israelitas eram mais do caráter de uma milícia. Os homens das tribos mais imediatamente assediadas pelos inimigos eram convocados para ação pelo líder levantado por Deus e dispensados quando a emergência passava.
A monarquia trouxe mudanças nos assuntos militares. Foi a súplica dos líderes de Israel, quando desejavam ter um rei, que ele fosse à frente deles e lutasse suas batalhas (1 Samuel 8.20). Samuel os tinha advertido que com uma monarquia seria necessário um exército profissional. “Ele tomará vossos filhos e os nomeará para seus carros e para serem seus cavaleiros; e eles correrão diante de seus carros; e ele os nomeará para si como capitães de mil e capitães de cinquenta; e alguns ararão seu chão e ceifarão sua colheita, e farão seus instrumentos de guerra e os instrumentos de seus carros” (1 Samuel 8.11,12).
Que este foi o curso que a reforma militar tomou no período seguinte ao estabelecimento da monarquia é muito provável. Cabia a Saul, quando subiu ao trono, resistir aos invasores filisteus e aliviar seu povo do jugo que eles já haviam imposto pesadamente sobre algumas partes do país.
Os filisteus eram um povo militar, bem disciplinado e armado, com 30.000 carros – Samuel 6.000 cavaleiros a seu serviço quando subiram a MiquemáS (1 Samuel 13.5). Que chance teriam os recrutas rudimentares dos viticultores e pastores de Judá e Benjamim contra tal inimigo?
Não é de admirar que os israelitas se escondessem em cavernas, matagais, em rochas e em fossos (1 Samuel 13.6). E é citado pelo historiador como a profundidade mais baixa da degradação nacional que os israelitas tinham que descer aos filisteus “para afiar cada homem sua relha, e o enxadão, e o machado, e a picareta” (1 Samuel 13.20) porque os filisteus tinham carregado seus ferreiros para impedi-los de fazer espadas ou lanças.
Foi nesta condição desesperadora que o Rei Saul foi chamado para começar a luta pela liberdade e unidade nacional em Israel. As vitórias em MiquemáS e Elá, e a luta arduamente disputada mas mal sucedida e fatal em Gilboa, evidenciam o crescimento do espírito marcial e avanço tanto em disciplina quanto em estratégia.
Após o alívio de Jabes-Gileade, em vez de dispensar todas as suas reconvocações, Saul manteve 3.000 homens sob armas, e isto provavelmente se tornou o núcleo do exército permanente de Israel (1 Samuel 13.2).
A partir deste momento, “quando Saul via algum homem forte ou algum homem valente, ele o pegava para si” (1 Samuel 14.52). Dos homens valentes que Saul manteve ao redor de sua pessoa, os mais notáveis foram Jonatas e Davi.
Jonatas tinha o comando de uma divisão de 1.000 homens em Gibeá (1 Samuel 13.2) e Davi era o capitão da guarda pessoal do rei (1 Samuel 18.5; compare 1 Samuel 18.13). Quando Davi caiu na inveja de Saul e se refugiou à vida de fora-da-lei nos esconderijos montanhosos de Judá, ele reuniu ao seu redor na caverna de Adulão 400 homens (1 Samuel 22.1,2) que logo aumentaram para 600 (1 Samuel 23.1,3).
A partir da história de Nabal (1 Samuel 25) aprendemos como uma banda como a de Davi poderia ser mantida em serviço, e coletamos que proprietários de terras que se beneficiavam da presença de uma força armada eram esperados para fornecer os suprimentos necessários.
Com a ascensão de Davi ao trono, essa banda de guerreiros permaneceu ligada à sua pessoa e se tornou a espinha dorsal de seu exército.
Podemos identificá-los com os gibborim—os homens valentes de quem Benaia mais tarde se tornou capitão (2 Samuel 23.22,2 – 1 Samuel 1 Reis 1:8) e que também são conhecidos pelo nome de Queretitas e Peletitas (2 Samuel 8.18).
Estes podem ter recebido seu nome de sua origem estrangeira, os primeiros sendo originalmente de Creta, mas aparentado aos filisteus; e os últimos sendo filisteus de nascimento. Que havia soldados estrangeiros no serviço de Davi sabemos pelos exemplos de Urias, o heteu, e Itai de Gate.
Os gibborim de Davi foram comparados à Guarda Pretoriana dos imperadores romanos, aos Janízaros dos sultões e à Guarda Suíça dos reis franceses. Do exército de Davi, Joabe foi o comandante-chefe, e ao gênio militar deste guerreiro áspero e sem escrúpulos, primo próximo do rei, a dinastia de Davi ficou profundamente endividada.
5. Desde o Tempo de Salomão em Diante:
No reinado de Salomão, embora a paz fosse sua característica predominante, não pode ter havido redução nas forças armadas do reino, pois lemos de expedições militares contra Edom, Síria e Hamate, além de fortalezas construídas em todas as partes da terra, que exigiriam tropas para guarnecê-las.
Hazor, a antiga capital cananeia, aos pés do Líbano; Megido comandando a rica planície de Jezreel; Gezer com vista para a planície filisteia; os Bet-Horons (Superior e Inferior); e Tadmor no deserto; para não falar de Jerusalém com Milo e a muralha fortificada, eram fortalezas que requeriam guarnições fortes (1 Reis 9.15). É provável que “o imposto,” que era um fardo para o povo em geral, incluia serviço militar forçado, assim como trabalho forçado e ajudou a criar o descontentamento que culminou na revolta de Jeroboão, e eventualmente na ruptura do reino.
Embora Davi tivesse reservado dos despojos de guerra em sua campanha vitoriosa contra Hadadezer, rei de Zobá, cavalos para 100 carros (2 Samuel 8.4), cavalaria e carros não eram um ramo efetivo do serviço em seu reinado.
Salomão, no entanto, desconsiderando os escrúpulos dos israelitas mais estritos e as ordenanças da antiga lei (Deuteronômio 17.16), acrescentou cavalos e carros em larga escala ao equipamento militar da nação (1 Reis 10.26-29).
Acredita-se que foi de Musri, um país da Síria do Norte ocupado pelos hititas, e de Kue na Cilícia, que Salomão obteve cavalos para sua cavalaria e carros de combate (1 Reis 10.2 – Reis 2 Crônicas 1:16, onde o melhor texto dá Mutsri, e não a palavra hebraica para o Egito).
Este ramo do serviço não só era visto com suspeita pelos israelitas mais rigorosos, mas foi expressamente denunciado mais tarde pelos profetas (Isaías 2.7; Oséias 1.7; Miquéias 5.10). Nos profetas, também, mais do que nos livros históricos, estamos familiarizados com a cavalaria e os carros de guerra da Assíria e de Babilônia que, nos dias de Sargão, Senaqueribe e Nabucodonosor, haviam se tornado tão formidáveis.
Seus lanceiros e arqueiros montados, juntamente com seus carros, lhes deram uma certeza de ascendência no campo de guerra (Naum 3.2,3; Habacuque 1.8; Jeremias 46.4). Em comparação com estes, a cavalaria dos reis de Israel e Judá era insignificante, e a isso Rabshakeh referiu-se com desprezo (2 Reis 18.23) quando prometeu aos chefes de Judá do rei da Assíria 2.000 cavalos se Ezequias pudesse colocar cavaleiros sobre eles.
6. Organização do Exército Hebreu:
Todos os homens em Israel, aos vinte anos de idade, segundo a lei antiga, eram obrigados ao serviço militar (Números 1 – Números 26.2; 2 Crônicas 25.5), assim como posteriormente todo homem dessa idade era obrigado ao pagamento do meio-shekel para as despesas do Templo.
Segundo Josephus, ninguém era chamado ao serviço após os cinquenta anos (Ant., III, xii – 2 Crônicas 4). Os levitas estavam isentos do serviço militar (Números 2.33). Na lei Deuteronômica, era permitida isenção a pessoas comprometidas mas não casadas, a quem construiu uma casa mas não a dedicou, ou plantou uma vinha mas ainda não usufruiu dos seus frutos, e às pessoas covardes cujo medo poderia se espalhar entre as fileiras (Deuteronômio 20.1-9).
Essas isenções datam de uma alta antiguidade e no período dos Macabeus ainda eram válidas (1 Macabeus 3:56). O exército era dividido em corpos de 100 – Deuteronômio 100 50 e, nos tempos dos Macabeus, de 10, cada um sob seu próprio capitão (Sar) (Números 31.14; 1 Samuel 8.12; 2 Reis 1.9; 2 Crônicas 25 – 2 Crônicas 1 Macabeus 3:55).
No exército de Uzias lemos sobre “cabeças das casas dos pais”, homens valentes que numeravam 2600 e tinham sob seu comando um exército treinado de 307500 homens (2 Crônicas 26.12,13), onde, no entanto, os números parecem exagerados.
Sobre todo o exército de Israel, de acordo com o princípio fundamental da teocracia, estava o próprio Yahweh, o Líder Supremo de seus exércitos (1 Samuel 8.7); era o “Capitão do exército do Senhor” que apareceu diante das muralhas de Jericó para ajudar o corajoso líder em sua empresa.
Nos tempos dos juízes, os próprios chefes, Baraque, Gideão e Jefté, lideravam suas forças pessoalmente na batalha. Sob a monarquia, o capitão do exército era um cargo distinto do rei, e temos Joabe, Abner, Benaías, nomeados como comandantes-chefe.
Um escudeiro acompanhava tanto o capitão do exército quanto o rei (1 Samuel 14 – 1 Samuel 31.4,5; 2 Samuel 23.37). Menção é feita a oficiais encarregados da contagem do povo, o cofer, escriba, ligado ao capitão do exército (2 Reis 25.19; compare 2 Samuel 24.2;1 Macabeus 5:42), e o shoter, mestre de campo, que mantinha o registro daqueles a serviço militar e conhecia os homens que haviam recebido licença autorizada (Deuteronômio 20.5, nota de Driver).
7. O Exército em Campo:
Antes do exército partir, serviços religiosos eram realizados (Joel 3.9), e sacrifícios eram oferecidos no início de uma campanha para consagrar a guerra (Miquéias 3.5; Jeremias 6 – Jeremias 22.7). Em tempos anteriores, recorria-se ao oráculo (Juízes 1 – Juízes 20.27; 1 Samuel 14.3 – 1 Samuel 23.2 – 1 Samuel 28.6 – 1 Samuel 30.8), em épocas posteriores a um profeta (1 Reis 22.5; 2 Reis 3.1 – 2 Reis 19.2; Jeremias 38.14).
Casos são mencionados nos quais a Arca acompanhou o exército ao campo (1 Samuel 4 – 1 Samuel 14.18), e antes do combate, também foram oferecidos sacrifícios (1 Samuel 7 – 1 Samuel 13.9), necessariamente exigindo a presença de um sacerdote (Deuteronômio 20.2).
Conselhos de guerra eram realizados para resolver questões de política durante um cerco ou uma campanha (Jeremias 38 – Jeremias 39.3). O sinal para o ataque ou retirada era dado pelo som de uma trombeta (Números 10.9; 2 Samuel 2.2 – 2 Samuel 18.16 – Números 1 Macabeus 16:8).
A ordem de batalha era simples, os lança-pesadas formavam a vanguarda, fundistas e arqueiros no refrã, apoiados por cavalos e carros que avançavam conforme a necessidade (1 Samuel 31.3; 1 Reis 22.31; 2 Crônicas 14.9).
Estratégias eram utilizadas de acordo com a disposição das forças opostas ou a natureza do terreno (Josué 8 – Josué 11.7; Juízes 7.16; 1 Samuel 15.5; 2 Samuel 5.23; 2 Reis 3.11).
Embora Davi tivesse em seu serviço soldados estrangeiros como Urias o heteu e Itai de Gate, e embora reis posteriores contratassem estrangeiros para suas campanhas, foi somente na luta dos Macabeus pela independência que mercenários começaram a ser amplamente empregados no exército judeu.
Mercenários são referidos pelos profetas como uma fonte de fraqueza para a nação que os emprega (para o Egito, Jeremias 46.16,21; para a Babilônia, Jeremias 50.16). A partir do tempo dos Macabeus, os príncipes da família Hasmonaica os empregaram, às vezes para manter os judeus problemáticos sob controle, e às vezes para apoiar os braços de Roma.
Herodes, o Grande, tinha em seu exército mercenários de várias nações. Quando soldados judeus serviam Roma, eram proibidos por sua lei de prestar serviço no sábado. Logo no início da luta pela liberdade dos Macabeus, uma banda de Asidianos ou Puritanos judeus permitiu-se ser abatida até o último homem em vez de pegar em armas no sábado (1 Macabeus 2:34).
Casos estão registrados em que seus adversários gentios tiravam vantagem de seus escrúpulos para lhes infligir perdas e derrotas (Ant., XIII, xii – Jeremias 4 XIV, iv – Jeremias 2).
8. Suprimentos do Exército:
Antes do exército se tornar uma profissão em Israel, e enquanto as levas ainda eram voluntários como os filhos de Jessé, os soldados não apenas não recebiam salário, mas tinham que providenciar seus próprios suprimentos ou depender de proprietários ricos como Nabal e Barzilai (1 Samuel 25 2 Samuel 19.31).
Nesse período e ainda mais tarde, a principal recompensa do soldado era sua parte do butim obtido na guerra (Juízes 5.30; 1 Samuel 30.22). Pelo período dos Macabeus aprendemos que um exército como o de Simão, constituído de soldados profissionais, só poderia ser mantido a grande custo (1 Macabeus 14:32).
9. No Novo Testamento:
Embora os primeiros soldados mencionados no Novo Testamento fossem judeus e não romanos (Lucas 3.14; Marcos 6.27), e embora leiamos que Herodes com seus “homens de guerra” juntou-se para zombar de Jesus (Lucas 23.11), é principalmente o exército romano que nos vem à mente.
A legião romana, consistindo aproximadamente de 6 mil homens, era familiar ao povo judeu, e a palavra se tornou um termo para expressar um grande número (Mateus 26.53; Marcos 5.9). Centuriões são representados de maneira honrosa tanto nos Evangelhos quanto em Atos (kenturion, Marcos 15.39; hekatontarches, hekatontarchos, Mateus 8.5; Lucas 23.47; Atos 10 – Atos 22.25,27).
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