Corpo, espiritual – Enciclopédia Internacional da Bíblia Padrão
Corpo, espiritual
Paulo descreve o corpo após a ressurreição como um corpo espiritual (soma psuchikon) e contrasta-o com o natural (corpo psíquico, soma pneumatikon), 1 Coríntios 15.44. Nosso presente corpo natural tem como princípio de vida a alma (psuche), mas o corpo da ressurreição é adaptado e subordinado ao espírito (pneuma).
O apóstolo não argumenta para uma identidade literal e material desse futuro corpo com o atual, mas pensa nele como contraparte do atual organismo animal tão condicionado quanto a ser adaptado a um estado de existência que fica totalmente dentro da esfera do espírito.
Contra seus leitores Coríntios, ele argumenta que a ressurreição não pode ser sucedida por um estado de inexistência, nem está disposto a admitir um estado meramente eterealizado. Deve haver um corpo, mas entre ele e nosso corpo presente há uma diferença semelhante àquela entre o primeiro e o segundo Adão.
O corpo presente e o primeiro Adão foram igualmente dominados pela alma (psuche); mas como o segundo Adão se tornou um espírito vivificante, assim será o corpo da ressurreição um corpo espiritual. Cristo se tornou um espírito vivificante através da ressurreição, 1 Coríntios 15.45; e uma vez que devemos portar Sua imagem, 1 Coríntios 15.49, se torna evidente que o corpo ressurreto de Cristo é a aproximação mais próxima possível de uma representação sensível do corpo espiritual.
Para isso, Paulo argumenta de maneira mais direta quando afirma que nosso corpo ressureto será transformado de acordo com o corpo de Sua glória, Filipenses 3.21; compare 1 João 3.2. O corpo de Cristo após a ressurreição era conformado em muitos aspectos ao corpo de Sua vida terrena, ainda que com algumas diferenças marcantes.
Ele comeu, Lucas 24.42,43; Ele soprou, João 20.22; possuía carne e ossos, Lucas 24.39, e podia ser percebido pelos sentidos corporais, Lucas 24.40; João 20.27. Seu corpo possuía características que o diferenciavam inteiramente das fantasias populares de fantasmas ou aparições, Lucas 24.36-43.
No entanto, Seu corpo tinha superioridade sobre as barreiras usuais que restringem os movimentos humanos. Portas trancadas e distâncias não impediam Seu ir e vir, João 20.19-26; Lucas 24.31-36. O contexto mostra que o propósito de Seu comer era convencer os discípulos de que era realmente Ele, Lucas 24.41-43, e não para sustentar a vida que Seu corpo provavelmente era capaz de manter de outras maneiras.
João fala de Suas aparições após Sua ressurreição como “manifestações”, João 21.1-. A mudança em Sua pessoa e aparência certamente ocorreu, pois aqueles que O conheciam melhor não O reconheceram imediatamente, Lucas 24.16; João 20.14. É evidente, portanto, que o corpo pós-ressurreição de Jesus era tal que tinha o poder de se materializar aos sentidos naturais ou de se retirar à vontade.
Foi este mesmo corpo que foi levado aos céus na ascensão, e que permanece no céu, Atos 1.1 – Atos 3.21. Não há indicação de que tenha sofrido alguma mudança em sua remoção da Terra. Assim, o corpo espiritual do qual Paulo fala não deve ser diferente do corpo que Jesus possuía após Sua ressurreição.
Haverá ausência dos desejos e paixões que pertencem naturalmente à existência corporal presente, Mateus 22.30; Lucas 20.35,36.
William Charles Morro
Orr, James, M.A., D.D. Editor Geral. “Entrada para ‘CORPO, ESPIRITUAL’”. “Enciclopédia Bíblica Padrão Internacional”. 1915.
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