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Casa do tesouro na Bíblia. Significado e Versículos sobre Casa do tesouro

9 min de leitura

Conta a história de um grupo de cegos que tentou descrever como era um elefante. Um deles após apalpar o lado musculoso do elefante, chegou à conclusão que ele era como um muro. O segundo cego após tocar nas pernas grossas e roliças, protestou dizendo: “Não, o elefante tem uma forma diferente.

Ele se parece com uma coluna.” O terceiro abordou o elefante de outra forma. Após apalpar a tromba, disse: “Vocês dois estão enganados, o elefante se parece com uma grande cobra.” E, assim cada um dos seis teve uma concepção diferente do mesmo elefante.

As vezes por desinformação ou por conhecerem apenas uma parte da verdade algumas pessoas agem como estes cegos, enfatizando um aspecto das coisas em detrimento de outros. Heresia não é apenas uma doutrina errada, mas pode ser também um assunto ou doutrina em que apenas é enfatizado apenas um lado.

Um dos exemplos desta distorção é a interpretação de Malaquias 3.10 que diz: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.”A expressão “Casa do Tesouro” tem em nossos dias sido interpretada como sendo a igreja local e onde os dízimos e ofertas devem ser administrados e distribuídos.

Mas, o que realmente quer dizer a expressão “Casa do Tesouro”, onde Deus pediu para os israelitas trazerem os seus dízimos e ofertas? Estaria o texto de Malaquias discutindo ou aprovando uma prática congregacionalista de governo eclesiástico?

Vale lembrar que no congregacionalismo a igreja local é quem administra o dinheiro doado pelos membros. Então seria o congregacionalismo, segundo este texto, a melhor forma de governo? Estaria o sistema democrático representativo contrário ao texto de Malaquias 3.10?

Bem, em primeiro lugar temos que compreender o que significava a expressão “Casa do Tesouro”. Quando Salomão construiu o templo, várias salas ou câmaras foram construídas para diversos fins. (I Reis 6:5) Estas dependências, por exemplo, eram usadas como abrigo para os cantores que apresentariam suas músicas (Ezequiel 40.44).

Os guardas ocupavam uma destas salas(I Reis 14:28) Em uma ocasião uma delas foi usada como esconderijo para Joás (II Reis 11:2 – Reis 3)Uma destas salas era usada como o lugar onde o dízimo que não era composto apenas de moedas, mas também de produtos agrícolas era entregue e guardado.

Neemias usa a expressão “Casa do Tesouro” para falar de uma destas câmaras ou salas onde eram depositados os dízimos (ver Neemias 10.38)). Uma espécie de tesouraria do templo. Portanto, “Casa do Tesouro” é uma expressão para designar primariamente o lugar (ou espaço) onde o dízimo deveria ser guardado.

Inclusive a KJV, a famosa King James Version traduziu a expressão de Malaquias 3 como celeiro ou lugar onde cereais eram depositados, já que grande parte dos dízimos vinha em grãos. É bom que se diga que o autor não está discutindo quem deveria administrar o dízimo pois sobre isto Deus já havia falado e instruído o povo.

Levar à “Casa do Tesouro” significa devolver o dízimo no lugar designado, ou seja, a igreja da qual a pessoa é membro ou freqüenta. Mas, a questão crucial de nossos dias não é esta. Todos sabem onde levar o dízimo.

A grande pergunta é: Quem deve administrar este dinheiro? Precipitadamente alguns tem dito que a expressão “Casa do Tesouro” indica que a igreja local deve administrar os recursos do dízimo. Na prática, porém, os que defendem esta aplicação do texto não estão fazendo isto.

Quando dão o dízimo eles mesmos administram dentro do seu ponto de vista, e sequer consultam a igreja local. Temos que voltar à Bíblia para entender a questão da distribuição do dízimo. Em Gênesis 14.20 lemos que Abraão entregou o dízimo a Melquisedeque que era não apenas um rei, mas também sacerdote do Senhor.

O ato de Abraão revela que o receptor do dízimo deve ser alguém separado por Deus para uma tarefa santa. Abraão obedeceu (e note bem, ele poderia usar o dízimo para o que quisesse, mas não o fez. Ele cria no plano de Deus) e deu o dízimo a quem de direito.

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No sistema israelita Deus estabeleceu regras ainda mais claras a respeito do dízimo. O dízimo foi dado aos levitas como herança e deveria ser administrado por eles(Números 18.21 a 32). Tanto é que o doador não podia manipular a décima parte.

A pessoa não devia separar o bom do defeituoso ou fazer qualquer substituição (Levítico 27.33). Por exemplo em um rebanho o décimo animal que passasse sob o cajado do pastor pertencia ao Senhor, não importando a sua condição.

O israelita também não dava seus dízimos e ofertas para simplesmente “pagar” o salário dos levitas. O dízimo era na verdade não oferta para os levitas, “mas para o Senhor” (Números 18.26)Esta verdade é reforçada em Malaquias 3.8 quando Deus diz: “… vós me roubais”.

O roubo não é contra os levitas ou sacerdotes, mas contra Deus. Tendo isto como base, o dízimo era uma oferta para o Senhor a qual Ele deu para o sustento e administração dos levitas e do sacerdócio. E um aspecto que tem sido ignorado é que este ministério levítico era global, ou uma corporação.

Não eram células isoladas (congregações independentes) mas um corpo. O centro administrativo da religião de Israel estava no templo. Eles eram o que hoje chamamos de administração da igreja. Esta centralização no templo permitia que dali saísse o sustento necessário para os homens que faziam a obra de Deus naquela época.

Ninguém trabalhava independentemente do todo. Reiteradas vezes o Velho Testamento fala de Israel como um povo. Então, surge uma dúvida… E, o Novo Testamento conceberia uma idéia da igreja local administrar todos os recursos do Senhor?

Os advogados do congregacionalismo defendem que o sistema de governo do Novo Testamento é congregacional. Uma leitura atenta do texto bíblico nos permite ver que as coisas não são bem assim. Considerando que a igreja ainda estava iniciando, e portanto alguns passos na organização ainda deviam ser dados; vamos tomar 2 exemplos: O concílio de Jerusalém é o primeiro deles (Atos 15).

Neste concílio as decisões não foram tomadas por uma pessoa ou congregação local , mas por representantes da igreja, que neste caso eram os apóstolos e os anciãos (Atos 15.6). Temos aqui um caso semelhante ao sistema de democracia representativa.

O concílio de Jerusalém reflete que as tomadas de decisão foram feitas por uma liderança internacional e interdistrital. (comparar Atos 15.6 com Atos 16.4Atos 5)O outro exemplo é o do apóstolo Paulo, um evangelista e plantador de igrejas em várias cidades.

Ele sempre que podia voltava àquelas congregações ou deixava alguém para trabalhar ali sob a sua supervisão. Havia entre estes líderes e igrejas um trabalho harmônico. Paulo era uma espécie de presidente de campo.

As igrejas não decidiam tudo sozinhas. Mesmo empiricamente se percebe que havia uma organização central que dirigia a obra naquela região do mundo.(Tito 1.5, II Timóteo 4:5, Tito 2.15)Em I Coríntios 16: 1 a 3 temos o desafio de Paulo para que os membros da igreja separem suas ofertas para os pobres da Judéia.

Ele pessoalmente passaria para pegar este dinheiro e usá-lo para atender necessidades. Os que questionam a distribuição e administração dos dízimos pela Associação (por exemplo) tem grande dificuldade com este texto.

Por que Paulo não deixou que cada igreja administrasse este dinheiro? Uma pergunta para pensar…É claro que as igrejas locais devem ter dinheiro para fazer face às suas despesas. Mas, deveriam elas usar todo o dinheiro e esquecer da missão mundial que a igreja tem?

A RAIZ DO PROBLEMANa verdade, a raiz do problema de alguns não é teológica, mas pessoal e às vezes administrativa. Os que defendem a idéia de que a igreja local ou eles mesmos devam administrar e distribuir todo o dízimo estão amparados muito mais em idéias pessoais e textos distorcidos do que no “Assim diz o Senhor”.

Alguns trazem uma certa revolta por causa do erro de um ou outro pastor ou administrador, e então tentam fazer a Bíblia concordar com suas idéias pessoais. Não podemos misturar as coisas. Se alguém na organização erra na aplicação do dízimo deve ser corrigido e deve arcar com as conseqüências.

Mas, jamais devemos usar este precedente para desistimular a devolução da parte pertencente a Deus e que deve ser usada no ministério evangélico. O sistema representativo é o mais justo e equilibrado, pois permite à igreja pensar de forma global nas necessidades da pregação do evangelho. Às vezes temos a tendência egoísta de olharmos apenas para nossa congregação e nos esquecemos que o Novo Testamento concebe a igreja como um corpo (I Coríntios 12:13).

E como um corpo ela deve ser dirigida. Primeiramente por Cristo e depois pelos homens e mulheres que ele escolheu. Aqueles que tem dúvidas sobre a eficácia deste método deveriam conhecer um pouco mais sobre os problemas de igrejas congregacionais, e verão que a crítica feita ao sistema representativa na maioria das vezes é infundada.

Todavia se há algum desvio na igreja ele deve ser corrigido conforme manda a palavra de Deus. Com amor, mansidão e de acordo com o Espírito de Cristo é que as coisas se resolvem (Gálatas 6.1 a 4).

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