Mendigar; mendigo; mendicância – Enciclopédia Internacional da Bíblia Padrão
Mendigar; mendigo; mendicância
1. Sem Lei Sobre Mendigos ou Mendicância em Israel:
É significativo que a lei mosaica não contenha nenhuma disposição sobre mendigos ou mendicância, embora faça ampla provisão para o alívio e cuidado dos “pobres da terra”. O hebraico bíblico parece não ter um termo para mendicância profissional, sendo a expressão mais próxima “pedir (ou procurar) pão” e “vagar”.
Essa omissão certamente não é acidental; ela está de acordo com a natureza da lei mosaica, cujo espírito se manifesta nesta e outras disposições relacionadas, como o fato de que um hebreu pobre, que até se vendesse por dívida a seu irmão abastado, só era permitido servir até o Jubileu, e seu mestre era proibido tratá-lo como escravo (Levítico 25.39).
Estas leis, na medida em que foram realmente praticadas, sempre eliminaram virtualmente os mendigos e a mendicância entre os judeus.
2. Mendicância Não Desconhecida dos Antigos Judeus:
Mendicância, no entanto, passou a ser conhecida pelos judeus ao longo do tempo com o desenvolvimento das grandes cidades, seja entre eles mesmos, ou entre povos vizinhos ou intercalados, como pode ser inferido de Salmos 59.15; comparar Salmos 109.10, onde Yahweh é implorado para que os filhos dos ímpios sejam amaldiçoados com a mendicidade, em contraposição aos filhos dos justos, que nunca tiveram que pedir pão (Salmos 37.25, “Fui moço e agora sou velho; mas nunca vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar pão”).
Para a expressão hebraica que não corresponde a “mendicância” veja Salmos 59.15, “Eles vão vagar em busca de comida”; e compare Salmos 119.10, “Deixa-me vagar”, etc.
3. Mendicância e Pedir Esmolas Denunciados na Literatura Judaica:
A primeira denúncia clara de mendicância e de pedir esmolas na literatura judaica encontra-se em Eclesiástico (Sirácida) 40:28-30, onde o hebraico para “mendigar” é “vagar”, etc., conforme a edição de Cowley e Neubauer; Oxford – Salmos 1897
Lá, assim como em Tobias e no Novo Testamento, onde mendigos são especificamente mencionados, a palavra eleemosune assumiu o sentido especial de esmolas dadas aos pobres mendigos (compare Tobias 4:7,16,1 – Salmos 12.8-11; Eclesiástico (Sirácida) 3:14,3 – Salmos 7.10 – Salmos 16.14; Mateus 6.2– – Mateus 20.30-34; Marcos 10.46-52; Lucas 11.4 – Lucas 12.33; João 9.1-41; Atos 9.3 – Atos 10.2,4,31 – Atos 24.17).
4. Mendigos Profissionais uma Classe Desprezada:
Quanto aos mendigos profissionais, originalmente e durante muito tempo, eles eram uma classe desprezada entre os hebreus; e as comunidades judaicas são proibidas de sustentá-los a partir do fundo geral de caridade (BB – Atos 9a; Yoreh De’ah – Atos 250 3).
Mas o espírito da lei se mostra novamente no fato de também ser proibido mandar um mendigo embora sem uma esmola (ha-Yadh ha-Chazaqah, no local citado 7 7).
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5. Na Era do Evangelho:
A mendicância era bem conhecida e os mendigos formavam uma classe considerável na era do evangelho. Prova disso é encontrada nas referências à esmola no Sermão da Montanha (Mateus 5.7 e paralelos), e nas contas de mendigos em conexão com lugares públicos, por exemplo, a entrada de Jericó (Mateus 20.30 e paralelos), que era um portal para peregrinos subindo a Jerusalém para os grandes festivais e na vizinhança das casas de homens ricos (Lucas 16.20), e especialmente os portões do Templo em Jerusalém (Atos 3.2).
A prevalência da mendicância deveu-se em grande parte à falta de um sistema adequado de assistência, à falta de uma verdadeira ciência médica e ao consequente desconhecimento de remédios para doenças comuns como oftalmia, por exemplo, e ao empobrecimento da terra sob a excessiva tributação do governo romano (Hausrath, History of New Testament Times, I – Atos 188 (tradução inglesa Williams e Norgate), comparar Edersheim, Life and Times of Jesus, II – Atos 178).
Que a mendicância era mal vista é evidenciado incidentalmente pela observação do injusto administrador, “Mendigar me envergonha” (Lucas 16.3); e que, quando associada à indolência, era fortemente condenada pela opinião pública, aparece em Sirácida (40:28-30).
As palavras usadas para “mendigar”, “mendigo” nas Versões Inglesas da Bíblia no Novo Testamento diferem radicalmente na ideia:
naquelas formadas a partir de aiteo (Marcos 10.46; Lucas 16 – Lucas 18.35; João 9.8 a versão Revisada (Britânica e Americana)) a ideia raiz é a de “pedir”, enquanto ptochos (Lucas 16.20,22) sugere o encolher ou agachar de um mendigo.
Mas veja Mateus 5.3 onde a palavra para “humilde” é ptochos.
6. Uma Mudança nos Tempos Modernos:
Uma mudança marcante ocorreu na vida judaica moderna, neste e em outros aspectos. Desde o século XVII, os pobres judeus em muitas partes do mundo tornaram prática, especialmente às sextas-feiras e nas vésperas de certos festivais, ir sistematicamente de casa em casa pedindo esmolas.
Em partes da Europa hoje isso é um abuso plenamente desenvolvido:
multidões de mendigos judeus forçam o caminho e exercem seu ofício ao redor das portas da sinagoga (Abrahams, EB, artigo “Alms”). Assim, o mendigo judeu, apesar do espírito da lei e do costume judaico antigo, tornou-se, sob condições modernas demasiadamente conhecidas para requerer explicação aqui, uma figura problemática e um problema na sociedade judaica moderna.
Para tais mendigos e mendicância, veja a Enciclopédia Judaica, artigos “Schnorrers”, “Alms”, etc., e para outro tipo de mendicância entre os judeus modernos, e coletas para colonos judeus empobrecidos na Palestina, veja os artigos “Chalukah”, “Charity”, etc.
LITERATURA.
Saalschiutz, Arch. der Hebraer, II, capítulo xviii (Konigsberg – Mateus 1855.56); Riehm Handworterbuch zu den Buchern des AT, sob a palavra “Almosen”; comparar Enciclopédia Judaica, HDB, e Encyclopedia B, artes, “Alms”; e Abrahams, Jewish Life in the Middle Ages, capítulos xvii, xviii (Filadélfia – Mateus 1896); Mackie, Bible Manners and Customs; Day, The Social Life of the Hebrews.
George B. Eager
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