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Justificação na Bíblia. Significado e Versículos sobre Justificação

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A justificação acha-se ligada a importantíssima questão de se saber ‘como pode o homem ser justo para com Deus?’ Por três vezes se faz uma tal pergunta no Livro de João (4.17João 9.2 – João 25.4 – cp com 15.14).

Sinceros israelitas sentiram a opressão da idéia (Salmos 143.2Miquéias 6.6). Em todo o ritual mosaico esse sentimento se manifesta, bem como no ritual e cerimonial do paganismo. O primeiro lugar da Bíblia, onde se sugere a verdadeira solução do problema, encontra-se em Gênesis 15.1 a 6, pois aí, pela primeira vez, se fala da ‘justiça’ e da ‘crença’.

A palavra de Deus, se diz no vers. 1, veio a Abraão, porque foi grande a confiança deste na revelação divina, sendo a justiça a conseqüência. Esta passagem é, em alguns casos a chave para as diversas referências que em outros lugares da Bíblia as encontram com respeito à justiça e fé.

A mesma idéia da justificação pela confiança em Deus se apresenta em Salmos 32.1,2 e Habacuque 2.4 – mas de um modo mais claro se acha a doutrina da justificação nas páginas do Novo Testamento. A justificação diz particularmente respeito à nossa verdadeira relação com Deus, não se tendo em vista a condição espiritual, mas a situação judicial.

Esta verdadeira comunhão com Deus foi comprometida pelo pecado, de que resultou a culpa, a condenação e a separação. A justificação compreende o ressurgimento dessa comunhão, sendo removida a condenação pelo perdão, a culpa pela justiça, e a separação pela boa vontade.

A justificação significa realmente a reintegração do homem, na sua verdadeira relação com Deus. É, então, considerado como justo, aceito perante Deus como reto com respeito à lei divina, sendo, portanto, restaurada a sua primitiva posição.

E deste modo a justificação é muito mais do que o perdão, embora o perdão seja, necessariamente, uma parte da justificação. As duas idéias se acham distintas em Atos 13.38,39. O perdão é apenas negativo, sendo dado para ser removida a condenação, ao passo que a justificação é também positiva, trazendo a remoção da culpa e a concessão das boas relações com Deus.

O perdão é apenas um ato de misericórdia divina, repetindo-se esse ato sucessivamente por toda a nossa vida cristã. A justificação é completa, nunca é repetida, e abrange o passado, presente e futuro da nossa vida. ‘Quem já se banhou (justificação), não necessita de lavar senão os pés (perdão)’ (João 13.10).

Também a justificação se deve distinguir da santificação, que geralmente se compreende na significação ‘de ser feito santo’. Ainda que justificação e santificação sejam estados inseparáveis na experiência da vida, devem, contudo, claramente distinguir-se no pensamento.

A justificação diz respeito à nossa situação espiritual – e a santificação à nossa espiritual condição. Aquela está em conexão com o nosso estado para com Deus, e esta com o amor que Lhe devemos: uma trata da nossa aceitação, a outra da nossa qualidade de aceitáveis – uma é o fundamento da paz, Cristo por nós – a outra é o fundamento da nossa pureza, Cristo em nós.

A base da nossa justificação é a obra redentora de nosso Senhor Jesus Cristo. ‘Àquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus’ (2 Coríntios 5.21). ‘Por meio dele todo o que crê é justificado’ (Atos 13.39).

Por conseqüência, é pela obra de Cristo, e não pelas nossa próprias obras ou méritos, que nós somos justificados. O homem tem sempre procurado estabelecer a sua própria justiça, mas o mau êxito tem sido o resultado, em todos os tempos, pois é manifesta a sua incapacidade, tanto para apagar o passado, como para garantir o futuro. ‘Pela graça sois salvos,… e isto não vem … de obras, para que ninguém se glorie’ (Efésios 2.8,9).

A justificação é alcançada pela fé. ‘Todo o que crê é justificado’ (Atos 13.39) – ‘Justificados, pois, mediante a fé’ (Romanos 5.1). A confiança faz sempre supor que dependemos de alguém que nos está superior – é o reconhecimento da nossa própria incapacidade, e do poder de algum outro ser.

A fé une-nos a Cristo, e essa união é a única resposta que se pode dar à revelação de Deus. É a renúncia de nós próprios, e a crença no Salvador. Descansamos em Jesus os nossos corações e aceitamos a Sua perfeita justiça.

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A grande verdade da justificação, pela fé em Cristo, é de supremo valor para a vida espiritual e serviço de Deus. Ela é a base da paz espiritual (Romanos 5.1). É o fundamento da liberdade espiritual, ficando nós livres da escravidão do pecado, e sendo assim levados à própria presença de Deus. É a garantia da santidade, porque traz aos nossos corações o poder do Espírito Santo. É, também, a inspiração de toda a obra boa, visto como a alma, livre de toda a ansiedade a respeito da sua salvação, fica livre para trabalhar na salvação dos outros.

Não há contradição entre S. Paulo e S. Tiago sobre esta doutrina da justificação, embora ambas as epístolas se refiram a Abraão para exemplo. Paulo, em Romanos 4 trata de Abraão a respeito do que está descrito em Gênesis 15 – Tiago trata do mesmo patriarca, em relação ao fato narrado no cap. 22 do mesmo livro, o que aconteceu vinte e cinco anos depois.

Mas durante este espaço de tempo foi Abraão um homem justificado pela fé (Gênesis 15.6), e quando chegou o tempo da grande prova (Gênesis 22), manifestou, então, a sua fé pelas obras. Quando Paulo escreveu teve em vista os não-cristãos, e faz uso do cap. 15 de Gn para provar a necessidade da fé, e mostrar que obras são as que vêm da fé.

Tiago, porém, dirige-se aos cristãos, e usa o cap. 22 de Gn para provar as necessidades das obras, e fazer ver que a fé deve ser provada pelas obras. Paulo está tratando o assunto do ponto de vista legalístico, e contra todo o mérito humano – Tiago discorre com espirito antinômico e contra a simples ortodoxia intelectual.

Um faz realçar a base da justificação, o outro a prova. Como diz Arnot, Paulo e Tiago não são dois soldados de exércitos diferentes, combatendo um contra o outro, mas sim dois combatentes do mesmo exército, lutando, costa com costa, contra inimigos que vêm de direções opostas.

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