Preconhecer; presciência: Dicionário Bíblico e versículos na Bíblia
Preconhecer; presciência – Enciclopédia Internacional da Bíblia Padrão
Preconhecer; presciência
1. Significado do Termo
2. Presciência como Previsão
3. Presciência Baseada na Predestinação
4. Presciência como Equivalente à Predestinação
LITERATURA
1. Significado do Termo:
A palavra “presciência” tem dois significados. É um termo usado em teologia para denotar a previsão ou presciência de Deus, isto é, Seu conhecimento de todo o curso dos eventos que são futuros do ponto de vista humano; e também é usado na Versão King James e na Versão Revisada (Britânica e Americana) para traduzir as palavras gregas proginoskein e prognosis no Novo Testamento, nas quais a palavra “presciência” se aproxima da ideia de predestinação.
2. Presciência como Previsão:
No sentido de previsão, a presciência é um aspecto da onisciência de Deus. O conhecimento de Deus, segundo a Escritura, é perfeito, isto é, é onisciência. É verdade que a Escritura faz uso de formas antropomórficas de expressão quanto à maneira como Deus obtém conhecimento (Gênesis 3.8), e às vezes até O representa como se Ele não soubesse certas coisas (Gênesis 11 – Gênesis 18.21); no entanto, a representação constante da Escritura é que Deus sabe tudo.
Esse conhecimento perfeito de Deus, além disso, não é apenas um conhecimento praticamente ilimitado para todos os propósitos religiosos, mas é onisciência no sentido mais estrito do termo. Nos livros históricos do Antigo Testamento, a onisciência de Deus é uma pressuposição subjacente constante quando se diz que Deus observa as ações dos homens, conhece seus atos e palavras, e lhes revela o futuro; enquanto nos Salmos, Profetas e Literatura de Sabedoria, esse atributo Divino torna-se objeto de reflexão e encontra expressão doutrinária.
Não se pode, porém, dizer que esse atributo de Deus aparece apenas tardiamente na história da revelação especial; é uma característica da ideia bíblica de Deus desde o início, e é apenas sua expressão didática que se destaca com especial clareza nos livros posteriores.
O conhecimento de Deus, então, é representado como perfeito. Como Ele está livre de todos os limites de espaço, Sua onisciência é frequentemente conectada com Sua onipresença. Este é o pensamento que subjaz às expressões antropomórficas onde Deus é representado como vendo, contemplando e tendo olhos.
Os olhos de Deus percorrem toda a terra (2 Crônicas 16.9), e estão em todo lugar contemplando o mal e o bem (Provérbios 15.3). Até mesmo o Sheol está nu e aberto aos olhos de Deus (Provérbios 15.11; João 26.6).
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A noite e a escuridão são luz para Ele, e escuridão e luz para Deus são iguais (Salmos 139.12). Todos os animais e aves são Dele, e assim são conhecidos por Ele (Salmos 50.11), e como seu Criador, Deus conhece todos os corpos celestes (Salmos 147.4; Isaías 40.26).
Ele também conhece o coração do homem e seus pensamentos (1 Samuel 16.7; 1 Reis 8.39; Salmos 7.9; Salmos 94.11; Salmos 139.2; Jeremias 11.20; Jeremias 17.9,10; Jeremias 20.12; Ezequiel 11.5). Além disso, Deus conhece o homem inteiramente em todos os seus caminhos (Salmos 139.1-5; Provérbios 5.21).
Ele olha do céu e vê todos os homens (Salmos 11.4; Salmos 14.2; Salmos 33.13,14,15). O mal e o pecado também são conhecidos por Deus (Gênesis 3.11; Gênesis 6.5,9,13; 2 Samuel 7.20; Salmos 69.5; Jeremias 16.17; Jeremias 18.23).
Em suma, Deus conhece com absoluta precisão tudo sobre o homem (João 11.11; João 34.21; Salmos 33.15; Provérbios 5.21; Oséias 5.3; Jeremias 11.20; Jeremias 12.3; Jeremias 17.9; Jeremias 18.23). Esse conhecimento perfeito encontra sua expressão clássica em Salmos 139
Deus também é, de acordo com o Antigo Testamento, livre de todas as limitações de tempo, de modo que Sua consciência não está no meio do fluxo dos momentos sucessivos do tempo, como é o caso da consciência humana.
Deus não só é sem começo ou fim de dias, mas para Ele mil anos são como um dia. Portanto, Deus conhece em uma intuição eterna aquilo que para a consciência humana é passado, presente e futuro. Em um sentido estrito, portanto, não pode haver presciência ou previsão com Deus, e a distinção no conhecimento de Deus feita pelos teólogos, como conhecimento de reminiscência, visão e presciência, é afinal um antropomorfismo.
No entanto, esta é a única maneira pela qual podemos conceber a onisciência Divina em sua relação com o tempo, e consequentemente a Escritura representa a questão como se o conhecimento de Deus dos eventos futuros fosse uma presciência ou previsão, e Deus é representado como conhecendo o passado, presente e futuro.
É o conhecimento de Deus dos eventos que do ponto de vista humano são futuros que constitui Sua presciência no sentido de previsão. Deus é representado como tendo um conhecimento de todo o curso dos eventos antes que eles ocorram.
Tal conhecimento pertence à ideia bíblica de Deus desde o início da revelação especial. Ele sabe de antemão o que Abraão fará e o que acontecerá com ele; Ele sabe de antemão que o coração de Faraó será endurecido e que Moisés libertará Israel (Gênesis 15.13; Êxodo 3.1 – Êxodo 7.4 – Êxodo 11.1).
Toda a história do período patriarcal da revelação exibe claramente a presciência de Deus nesse sentido. Na profecia, esse aspecto do conhecimento Divino é explicitamente afirmado, e seu significado religioso é destacado.
Nada futuro está escondido de Yahweh (Isaías 41.2 – Isaías 42.9 – Isaías 43.9-13 – Isaías 44.6-8 – Isaías 46.10; Daniel 2.22; Amós 3.7), e essa presciência abrange todo o curso da vida do homem (Salmos 31.15; Salmos 39.5; Salmos 139.4-6,16; João 14.5).
Essas passagens de Isa mostram que é a partir da ocorrência de eventos de acordo com a previsão de Yahweh que o Profeta provará sua presciência; e que, em contraste com os adoradores de ídolos que são pegos de surpresa, Israel é avisado do futuro pelo onisciente Yahweh.
No Novo Testamento, da mesma forma, a onisciência de Deus é explicitamente afirmada. Jesus ensinou que Deus conhece os segredos ocultos do coração do homem (Lucas 16.15); e este também é o ensino dos apóstolos (Atos 1.2 – Atos 15.8; 1 Coríntios 2.1 – 1 Coríntios 3.20; 1 Tessalonicenses 2.4; Apocalipse 2.23).
Em suma, de acordo com o autor da Epístola aos He, tudo está aberto a Deus, de modo que Ele é literalmente onisciente (Hebreus 4.13). E como no Antigo Testamento, também no Novo Testamento, a presciência no sentido de previsão é atribuída a Deus.
Jesus afirma uma presciência de Deus daquilo que está oculto ao Filho (Marcos 13.32), e Tiago afirma que todas as obras de Deus são conhecidas por Ele (Atos 15.18). Além disso, as muitas referências no Novo Testamento ao cumprimento da profecia implicam que os escritores do Novo Testamento atribuíam presciência, nesse sentido de previsão, a Deus.
Negativas da presciência Divina, nesse sentido de previsão, foram ocasionadas, não por considerações exegéticas, mas pelo suposto conflito dessa verdade com a liberdade humana. Supunha-se que, para ser livre, um evento deve ser incerto e contingente quanto ao fato de sua futuridade, e isso no sentido mais absoluto, isto é, do ponto de vista Divino e humano.
Portanto, os Socinianos e alguns Arminianos negaram a presciência de Deus. Supunha-se que Deus voluntariamente decide não prever as volições livres do homem, ou então que, como a onisciência de Deus é simplesmente o conhecimento de tudo o que é cognoscível, ela não abrange os atos livres do homem que são por natureza incertos e, portanto, incognoscíveis.
E sobre essa visão de liberdade, essa negação da presciência de Deus era logicamente necessária. Se a certeza dos eventos em relação ao fato de sua futuridade é inconsistente com a liberdade, então a liberdade humana entra em conflito com a presciência de Deus, já que Deus não pode saber eventos futuros como certamente futuros a menos que eles realmente sejam assim.
Portanto, a presciência Divina é tão inconsistente com essa visão de liberdade quanto a predestinação Divina, a visão daqueles que consideram Deus como mero espectador do curso dos eventos futuros, que se supõem totalmente independentes de Seu propósito e controle, não ajuda em nada.
Se Deus prevê eventos futuros como certos, então eles devem ser certos, e se assim for, então a certeza de sua ocorrência real deve depender ou do decreto e controle providencial de Deus, ou de um destino independente de Deus.
Foi para escapar dessas supostas dificuldades que a doutrina conhecida como scientia media foi proposta. Supunha-se que Deus tem um conhecimento dos eventos como condicionalmente futuros, isto é, eventos nem meramente possíveis nem certamente futuros, mas suspensos sob condições não determinadas por Deus.
Mas essa hipótese não ajuda e não é verdadeira. Além de ser contrária à Escritura em sua ideia de que muitos eventos estão fora do decreto de Deus, e que Deus deve esperar pelo homem em Seu governo do mundo, realmente não existe tal classe de eventos como essa teoria afirma.
Se Deus prevê que as condições das quais dependem serão cumpridas, então esses eventos pertencem à classe de eventos certamente futuros; enquanto se Deus não sabe se as condições serão cumpridas pelo homem, então Sua presciência é negada, e esses eventos em questão pertencem à classe dos meramente possíveis.
Nem as passagens das Escrituras às quais se apela, como Gênesis 11.6; Êxodo 3.19; Deuteronômio 7.3,4; 1 Samuel 23.10-13; 2 Samuel 12.8, etc., fornecem uma base para essa doutrina. A Escritura, é claro, reconhece que Deus colocou todas as coisas em relações de dependência mútua, e fala do que pode ou não pode acontecer sob tais e tais condições; mas nenhuma dessas passagens afirma ou implica que os eventos estão suspensos sob condições que são desconhecidas ou não determinadas por Deus.
3. Presciência Baseada na Predestinação:
A presciência de Deus, segundo o ensino das Escrituras, é baseada em Seu plano ou propósito eterno, que abrange tudo o que acontece. Deus nunca é representado como mero espectador vendo o curso futuro dos eventos, mas não tendo parte nele.
Que Deus tem tal plano é o ensino de toda a Escritura. Está implícito na concepção do Antigo Testamento de Deus como uma Pessoa Onipotente governando todas as coisas de acordo com Sua vontade. Essa ideia está envolvida nos nomes de Deus na revelação patriarcal, ‘El, ‘Elohim, ‘El Shadday, e no nome profético Yahweh dos Exércitos.
Este último nome ensina não apenas o poder e glória infinitos de Deus, mas também O faz conhecido como intervindo de acordo com Sua vontade soberana e propósito nos assuntos deste mundo, e tendo também os poderes espirituais do mundo celestial à Sua disposição para a execução de Seu propósito eterno.
Portanto, essa ideia de Deus vem a significar o Governante onipotente do universo (Salmos 24.10; Isaías 6 – Isaías 51.5 – Isaías 54.5; Jeremias 10.16; Amós 9.5).
Não apenas nessa concepção de Deus como Governante onipotente e soberano está evoluída a ideia de Seu plano eterno; ela é explicitamente afirmada em todo o Antigo Testamento. O propósito de Deus como determinante da história humana no Livro de Gênesis está claramente na superfície da narrativa, como, por exemplo, na história de Abraão e de José.
E onde não há declaração abstrata dessa verdade, é evidente que o escritor considera cada evento como apenas o desdobramento do propósito de Deus. Nos Salmos, Profetas e Literatura de Sabedoria, essa verdade encontra afirmação explícita e reiterada.
Yahweh tem um propósito eterno (Salmos 33.11), e esse propósito certamente se realizará (Isaías 14.2 – Isaías 43.13). Esse propósito inclui todos os eventos e torna certa sua ocorrência (Isaías 14.2 – Isaías 40.10 – Isaías 46.9,10; Zacarias 1.6).
Na Literatura de Sabedoria, o caráter ético desse plano é abordado, bem como seu caráter abrangente e a certeza de seu cumprimento (Provérbios 16.4,3 – Provérbios 19.21 – Provérbios 20.24; João 28.23). O controle providencial com que Yahweh executa esse plano inclui o coração do homem (Provérbios 21.1).
O Novo Testamento também considera toda a história como o desdobramento do propósito eterno de Deus, que inclui a salvação do homem, a provisão de Cristo como Salvador e as boas obras do cristão.
Agora, enquanto os escritores do Antigo Testamento e do Novo Testamento não escrevem de maneira abstrata ou filosófica nem entram em explicações metafísicas da relação entre a presciência e a predestinação de Deus, é perfeitamente evidente que eles tinham uma concepção clara sobre este assunto.
Embora antropomorfismos sejam usados em relação à maneira como Deus conhece, Ele nunca é concebido como se obtivesse Seu conhecimento do futuro apenas como um espectador observando o curso dos eventos no tempo.
A ideia de que o Criador onipotente e Soberano Governante do universo deveria governar o mundo e formar Seu plano como contingente e dependente de uma mera previsão de eventos fora de Seu propósito e controle não é apenas contrária à ideia bíblica da soberania e onipotência de Deus, mas também contrária à ideia bíblica da presciência de Deus, que é sempre concebida como dependente de Seu propósito soberano.
De acordo com a concepção bíblica, Deus prevê porque Ele predestinou todas as coisas, e porque em Sua providência Ele certamente fará tudo acontecer. Sua presciência não é dependente, esperando pelos eventos, mas é simplesmente o conhecimento que Deus tem de Seu próprio propósito eterno.
Dillmann chamou isso de “uma presciência produtiva” (Handbuch d. attest. Theol. – Provérbios 251). Isso não é exatamente correto. O Antigo Testamento não concebe a presciência de Deus como “produzindo” ou causando eventos.
Mas quando Dillmann diz que no Antigo Testamento não há indício de uma “presciência ociosa” por parte de Deus, ele está expressando a verdade de que no Antigo Testamento a presciência de Deus é baseada em Sua predestinação e controle providencial de todas as coisas.
A presciência Divina, portanto, depende do propósito Divino que determinou o plano do mundo, e todos os seus detalhes. Antes de o homem nascer, Deus o conhece e o escolhe para seu trabalho, e o conhecimento profundo de Deus sobre o homem em Salmos 139 é fundamentado no fato de que Deus determinou o destino do homem de antemão.
O mesmo ocorre com o ensino do Novo Testamento sobre este assunto. A presciência Divina é simplesmente o conhecimento de Deus de Seu próprio propósito eterno. Isso é especialmente claro nos casos em que o propósito eterno de redenção através de Cristo é representado como um mistério conhecido por Deus e que só pode ser conhecido pelo homem quando Deus decide revelá-lo.
4. Presciência como Equivalente à Predestinação:
Portanto, enquanto a presciência de Deus no sentido de presciência é afirmada no Novo Testamento, esse não é o significado do termo quando usado para traduzir as palavras gregas proginoskein e prognosis.
Essas palavras, que são traduzidas na Versão King James e na Versão Revisada (Britânica e Americana) pela palavra “presciência”, e uma vez pela palavra “predestinar” (1 Pedro 1.20 na Versão King James), significam muito mais do que mera previsão intelectual ou presciência.
Tanto o verbo quanto o substantivo se aproximam da ideia de predestinação e estão intimamente ligados a essa ideia nas passagens onde essas palavras ocorrem. Assim, nos discursos de Pedro em Atos, a predestinação que se expressa em 1 Pedro 4.18 é praticamente identificada com o termo prognosis em 2:23.
Tudo o que aconteceu a Jesus ocorreu de acordo com “o conselho determinado e a presciência de Deus”, de modo que nada aconteceu exceto aquilo que Deus havia predestinado. Neste versículo, o termo presciência é uma expansão da ideia de “conselho” ou plano de Deus, considerando-o como um pré-arranjo inteligente, a ideia de presciência sendo assimilada à de predestinação.
A mesma ideia é encontrada em 1 Pedro 1.20. Aqui o apóstolo fala de Cristo como um cordeiro “predestinado” por Deus antes da fundação do mundo. O verbo grego proegnosmenou, significando literalmente “conhecido de antemão” (como na Versão Revisada (Britânica e Americana)), é traduzido como “predestinado” na Versão King James. É evidentemente a predestinação de Jesus como Salvador que Pedro tem em mente.
Também em 1 Pedro 1.2 aqueles a quem o apóstolo está escrevendo são caracterizados como “eleitos segundo a presciência (prognosis) de Deus”, onde a eleição é baseada na “presciência”. Pela prognosis ou presciência, no entanto, muito mais é significado do que presciência.
Tem a ideia de um propósito que determina o curso do procedimento Divino. Se significasse simplesmente previsão de fé ou amor ou qualquer qualidade nos objetos da eleição, Pedro não apenas contradiziria Paulo (Romanos 9.11; Efésios 1.3,4; 2 Timóteo 1.9); mas também tal interpretação entraria em conflito com o contexto desta passagem, porque os objetos da eleição são escolhidos “para obediência e aspersão do sangue de ….
Cristo”, de modo que sua nova obediência e relação com Cristo são determinadas por sua eleição por Deus, eleição esta que surge de uma “presciência” que, portanto, não pode significar mera presciência.
Em vista do fato de que havia um uso clássico do verbo simples ginoskein no sentido de “resolver”, e mais especialmente do fato de que esta palavra é usada no Novo Testamento para denotar um carinho ou aprovação afetuosa de acordo com um uso comum do hebraico yadha` (Mateus 7.23; 1 Coríntios 8.3; Gálatas 4.9; 2 Timóteo 2.19), não há nada de arbitrário em dar-lhe esse sentido quando composta com a preposição pro quando o contexto claramente exige, como faz na passagem acima (compare Johnstone, Comentário sobre Pedro no local citado.:
per contra Meyer em passagens em Atos e Romanos). A palavra prognosis, no entanto, é discriminada de “predestinação”. É aquele carinho amoroso em Deus do qual surge a eleição Divina, eleição que Pedro evidentemente considerava soberana, já que a santificação é apenas uma confirmação dela (2 Pedro 1.10), e tropeço e desobediência são referidos como ‘designação para a incredulidade’ (1 Pedro 2.8).
Aqui, então, temos um uso significativo de presciência em que ela é assimilada à ideia de propósito, e denota um carinho soberano e amoroso.
A palavra prognosis também é encontrada nesse sentido nos escritos de Paulo, em casos onde é manifestamente impossível considerá-la como mera previsão intelectual, não apenas por causa da doutrina de Paulo de que a eleição é absolutamente soberana (Efésios 1.3,4; Romanos 9.11; 2 Timóteo 1.9), mas também por causa dos contextos em que o termo ocorre.
Em Romanos 8.29,30 a palavra “prever” ocorre em conexão imediata com a predestinação de Deus dos objetos da salvação. Aqueles que Deus previu, Ele também predestinou para serem conformes à imagem de Seu filho.
Agora, a presciência neste caso não pode significar mera previsão de fé (Meyer, Godet) ou amor (Weiss) nos sujeitos da salvação, fé ou amor que supostamente determinariam a predestinação Divina. Isso não apenas contradiz a visão de Paulo sobre o caráter absolutamente soberano e gracioso da eleição, mas é diametralmente oposto ao contexto desta passagem.
Esses versículos fazem parte do encorajamento que Paulo oferece aos seus leitores para suas tribulações, incluindo sua própria fraqueza interior. O apóstolo lhes diz que podem ter certeza de que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus; e esses são definidos como sendo aqueles que Deus chamou de acordo com Seu propósito.
Seu amor por Deus é evidentemente seu amor como cristãos, e é o resultado de um chamado que segue de um propósito eterno, de modo que seu amor cristão é simplesmente o meio pelo qual podem saber que foram sujeitos a esse chamado.
Eles não entraram na esfera do amor de Deus por escolha própria, mas foram “chamados” para esse relacionamento por Deus, e isso de acordo com um propósito eterno de Sua parte.
O que se segue, portanto, deve ter como motivo simplesmente desdobrar e fundamentar essa certeza de salvação, rastreando tudo de volta à “presciência” de Deus. Considerar essa presciência como contingente a qualquer coisa no homem seria, assim, uma contradição direta com todo o contexto da passagem, bem como seu motivo.
A palavra “presciência” aqui evidentemente tem o sentido significativo que encontramos em Pedro. Portanto, aqueles que Deus predestina, chama, justifica e glorifica são justamente aqueles que Ele olhou com Seu amor soberano.
Atribuir qualquer outro significado a “presciência” aqui estaria em desacordo com o uso do termo em outros lugares no Novo Testamento quando colocado em conexão com a predestinação, e contradiziria o propósito pelo qual Paulo introduz a passagem, que é assegurar aos seus leitores que sua salvação final depende, não de sua fraqueza, mas do amor soberano, graça e poder de Deus.
É igualmente impossível dar à palavra prognosis qualquer outro sentido na outra passagem onde Paulo a usa. Em Romanos 11.2, falando dos judeus, Paulo diz que “Deus não rejeitou o seu povo, que ele conheceu de antemão.” É bastante impossível considerar isso como significando que Deus teve uma previsão ou mera premonição de alguma qualidade em Israel que determinou Sua escolha deles, não apenas porque é o ensino de toda a Escritura que a escolha de Israel por Deus foi soberana e graciosa, e não apenas por causa da história real de Israel, mas também por causa do contexto.
Paulo diz que seria absurdo supor que Deus rejeitou Seu povo porque Ele os conheceu de antemão, Sua presciência deles sendo aduzida como um fundamento para Ele não os ter rejeitado. Portanto, o argumento não teria força se algo em Israel, previsto por Deus, fosse suposto fundamentar uma garantia de que Ele não os rejeitou, porque o contexto está cheio da dureza de coração e incredulidade de Israel.
A presciência aqui evidentemente tem o mesmo sentido que na passagem anterior.
A presciência, portanto, no Novo Testamento é mais do que mera presciência. É praticamente idêntica ao decreto Divino em duas instâncias, e nos outros lugares onde o termo ocorre denota o carinho soberano e amoroso do qual surge a predestinação ou eleição de homens para a salvação.
LITERATURA.
Além dos Comentários sobre as passagens apropriadas, especialmente aqueles sobre Isaías, veja Dillmann, Handbuch d. alttest. Theol. – Romanos 249.52; H. Schultz, Alttest. Theol. – Romanos 417 421; H Cremer, Die christliche Lehre volume den Eigenschaften Gottes, Beltrage zur Forderung christl.
Theol., I – Romanos 93.101; Stewart, artigo “Foreknowledge,” HDB, II – Romanos 51.53. Considerável material bíblico e histórico será encontrado em obras de teologia sistemática, como Bohl, Dogmatik – Romanos 54.59; Bavinck, Gereformeerde Dogmatik2 I – Romanos 182.95.
Para uma história da discussão do problema da presciência e liberdade, veja J. Muller, Die christl. Lehre volume der Sunde, III – Romanos 2 2.
Caspar Wistar Hodge
Orr, James, M.A., D.D. Editor Geral. “Entrada para ‘PREVER; PRESCIÊNCIA’”. “Enciclopédia Bíblica Internacional Padrão”. 1915.
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