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Eternidade: Dicionário Bíblico e versículos na Bíblia

10 min de leitura

Eternidade – Enciclopédia Internacional da Bíblia Padrão

Eternidade

e-tur’-ni-ti (olam; equivalente grego, aion):

Conteúdo

1. Contraste com o Tempo 2. No Antigo Testamento 3. No Novo Testamento 4. O “Agora” Eterno 5. Defeito Desta Visão 6. Visões Filosóficas 7. Concepções de Tempo Inadequadas 8. Toda Sucessão Presente em Um Ato para a Consciência Divina 9.

Ainda Assim, Conexão Entre Eternidade e Tempo 10. A Atitude Religiosa em Relação à Eternidade

LITERATURA

1. Contraste com o Tempo:

A eternidade é melhor concebida, não na forma meramente negativa do não-temporal ou tempo imensurável, mas positivamente, como o modo da auto-existência atemporal do Fundamento Absoluto do universo. O fluxo do tempo torna-se inteligível para nós apenas quando consideramos Deus como eterno–exaltado acima do tempo.

Existência atemporal–ser ou entidade sem mudança–é o que aqui entendemos por eternidade, e não mera permanência ou duração através do tempo. Deus, em Seu ser interno, está elevado acima do tempo; em Sua absoluta eternidade, Ele está entronizado acima do desenvolvimento temporal e conhece, como dizem as Escrituras, nenhuma mutabilidade.

A concepção de eternidade, como sem começo ou fim, nos deixa com uma negação que precisa ser preenchida com realidade. A eternidade não é uma ideia meramente negativa; fazer da eternidade apenas uma negação vazia e irrelevante da temporalidade não satisfaria nenhuma teoria adequada do ser; ela funciona como a relação positiva ao tempo daquele Deus eterno, que é Rei de todos os eons.

2. No Antigo Testamento:

No Antigo Testamento, a eternidade de Deus é expressa apenas negativamente, implicando meramente tempo indefinidamente estendido (Gênesis 21.33; Deuteronômio 33.27), embora Isaías 40.28 tome uma forma mais absoluta.

Melhor é a visão da eternidade, considerada objetivamente, como um modo de ser de Deus em relação a Si mesmo. Pois Ele era eterno, enquanto ainda o mundo e o tempo não existiam. Mas mesmo no Novo Testamento, a forma negativa de expressão prevalece.

3. No Novo Testamento:

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O tempo, com sua sucessão de eventos, ajuda a preencher a ideia que podemos formar do eterno, concebido como um progresso interminável. Mas, como seres finitos, não podemos formar uma ideia positiva da eternidade.

O tempo é menos contraditório da eternidade do que útil em revelar o que sabemos dela. Platão, em seu Timeu, diz que o tempo é a “imagem móvel da eternidade”, e podemos permitir que seja seu tipo ou revelação.

Não como a anulação do tempo, embora possa ser considerado em si mesmo exclusivo do tempo, deve-se tomar a eternidade, mas sim como o fundamento de sua realidade.

4. O “Agora” Eterno:

A eternidade pode, sem dúvida, ser tomada como apenas tempo não mais medido pela sucessão de eventos, como no universo finito. Mas, em uma visão estrita, há algo absurdo em uma eternidade que inclui o tempo, e uma eternidade separada do tempo é uma concepção vã e impossível.

A eternidade, como uma liberação de todos os limites temporais, é puramente negativa, embora não sem importância. A eternidade, absolutamente tomada, deve ser considerada incomensurável com o tempo; como disse Aquino, non sunt mensurae unius generis.

A eternidade, isto é, perderia seu caráter como eterna ao entrar em relações com o mutável ou o vir-a-ser. A eternidade, como em Deus, tem sido frequentemente concebida desde o tempo de Agostinho e da Idade Média como um Agora eterno.

Os Escolásticos costumavam adotar como máxima que “na eternidade há apenas um instante sempre presente e persistente”. Esta é apenas uma maneira de descrever a eternidade de uma maneira característica da sucessão no tempo; mas a Deidade eterna, em vez de um Agora eterno, é uma concepção muito mais cheia de significado para nós.

5. Defeito Desta Visão:

Falar da eternidade de Deus como um Agora eterno–um presente no sentido temporal–envolve uma contradição. Pois a existência eterna não é mais descrita pela noção de um presente do que por um passado ou um futuro.

Tal Agora ou presente pressupõe um não-agora, e levanta novamente os antigos problemas temporais em relação à eternidade. O tempo certamente não é a forma da vida de Deus,

Sua eternidade significando liberdade do tempo. Portanto, foi extremamente problemático para a teologia da Idade Média ter um Deus que não estava no tempo de forma alguma, supostamente criando o mundo em um momento particular no tempo.

6. Visões Filosóficas:

Spinoza, em tempos posteriores, fez a eternidade de Deus consistir em Sua infinita–que, para Spinoza, significava Sua necessária–existência. Pois a existência contingente ou duracional não seria, na visão de Spinoza, eterna, embora durasse sempre.

A ilusão ou irrealidade do tempo, em relação à vida espiritual do homem, nem sempre é muito firmemente compreendida. Esta apreensão vacilante ou incerta da ilusão do tempo, ou da realidade superior como atemporal, ainda é muito prevalente; mesmo um poeta tão forte como Browning projeta a sombra do tempo na eternidade, raramente com uma concepção definida da vida superior como uma essência eterna e atemporal; e embora Kant, Hegel e Schopenhauer possam ter mantido tal visão atemporal, ela ainda não se tornou uma doutrina geralmente adotada até agora, tanto por teólogos quanto por filósofos.

Se o tempo for tomado como irreal, então a eternidade não deve ser pensada como futura, como é feito por Dr. Ellis McTaggart e alguns outros metafísicos hoje. Pois nada poderia, nesse caso, ser propriamente futuro, e a eternidade não poderia ser dita começar, como é frequentemente feito na vida cotidiana.

A importância da concepção de eternidade é vista no fato de que pensadores neo-kantianos e neo-hegelianos igualmente têm mostrado uma tendência geral a considerar as concepções de tempo como inadequadas, na metafísica, para a explicação última do universo.

7. Concepções de Tempo Inadequadas:

Eternidade, pode-se seguramente afirmar, deve abranger ou incluir, para a consciência eterna de Deus, tudo o que acontece no tempo, com todo o passado, presente ou futuro, que está dentro da sucessão temporal.

Mas não estamos de forma alguma autorizados a dizer, como faz Royce, que tal totalidade do temporal constitui o eterno, pois o eterno pertence a uma ordem completamente diferente, a saber, da realidade atemporal.

A eternidade não deve ser definida em termos de tempo. Pois Deus é para nós o ens perfectissimum supra-temporal, mas Aquele cuja autossuficiência atemporal e afastamento impassível não são tais que O impeçam de ser força e ajudador de nosso esforço temporal.

Nossas convicções metafísicas não devem aqui ser de tipo estéril e infrutífero para resultados e propósitos éticos.

8. Toda Sucessão Presente em Um Ato para a Consciência Divina:

A eternidade é, em nossa visão, a forma de uma existência eterna, à qual, na unidade de um único insight, a série infinita de aspectos ou processos variáveis estão, juntos, como um totum simul, presentes.

Mas isso, como já mostramos, não implica que a ordem eterna seja de modo algum essencialmente diferente da temporal; o tempo não deve ser tratado como um segmento da eternidade, nem a eternidade considerada como duração interminável; o eterno não pode passar para o temporal; pois, um Ser eterno, que deveria pensar todas as coisas como presentes, e ainda ver a série temporal como uma sucessão, deve ser uma concepção bastante contraditória.

Para a Consciência Absoluta, o tempo não existe; o futuro não pode, para ela, ser pensado como começando a existir, nem o passado como tendo deixado de existir.

9. Ainda Assim, Conexão Entre Eternidade e Tempo:

Depois de tudo o que foi dito, no entanto, a eternidade e o tempo não devem ser pensados como sem conexão. Pois o temporal pressupõe o eterno, que é, de fato, seu fundamento positivo e sua possibilidade perpétua.

Essas coisas são assim, se apenas pelo motivo de que o modo divino de existência não contradiz nem exclui o modo humano de existência. A continuidade deste último–do temporal–tem sua garantia no eterno.

A eternidade incondicionada de Deus harmoniza consigo mesma as limitações e condições do temporal. Pois o tempo é puramente relativo, o que a eternidade não é. Nenhuma distinção de antes e depois é admissível na concepção de eternidade, portanto, não temos o direito de falar do tempo como uma porção da eternidade.

Assim, enquanto mantemos a diferença essencial entre eternidade e tempo, ao mesmo tempo afirmamos o que talvez possa ser chamado de afinidade entre eles. A metafísica da eternidade e suas relações temporais continuam sendo uma questão de proverbial dificuldade, e ambas as ordens–a eterna e a temporal–devem ser tratadas como concretas, e não deixadas meramente à reflexão abstrata.

Nossa ideia do eterno será melhor desenvolvida, dessa maneira concreta, pelo crescimento de nossa ideia de Deus, à medida que compreendemos mais completamente Deus, como realizado para nós em Seu Filho encarnado.

10. A Atitude Religiosa em Relação à Eternidade:

Assim, então, é a eternidade, não como tempo imensurável, mas sim como um modo de ser do Deus imutável, que ainda está progressivamente se revelando no tempo, que apresentamos aqui. Isso não quer dizer que a consciência religiosa não tenha sua própria necessidade da concepção de Deus como sendo “de eternidade a eternidade”, como em Salmos 90.2, e de Seu reino como “um reino eterno” (Daniel 4.3).

Nem é para nos fazer supor que o Deus absoluto e autoexistente, que transcende toda dependência temporal, esteja, portanto, distante de nós, enquanto, pelo contrário, Sua grandeza faz com que Ele seja mais capaz de se aproximar de nós, em toda a plenitude de Seu ser.

Portanto, é tão verdadeiramente falado em Isaías 57.15, “Assim diz o Alto e Sublime, que habita a eternidade, cujo nome é Santo: Eu habito no alto e santo lugar, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos.” Daí, também, a profunda veracidade de dizeres como aquele em Atos 17.27,28, “Ele não está longe de cada um de nós: porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos.” Depois de tudo o que foi dito, nosso melhor conhecimento da eternidade, como existe em Deus, não é desenvolvido de nenhuma maneira metafísica, mas segundo os modos positivos e atemporais da vida espiritual–os modos de confiança e amor.

LITERATURA.

H. Cremer, Léxico do Grego do Novo Testamento, edição inglesa – Atos 1880 G. B. Winer, Gramática do Grego do Novo Testamento – Atos 3ª edição – Atos 1882 R. C. French, Sinônimos do Novo Testamento – Atos 9ª edição – Atos 1880 E.

H. Plumptre, Os Espíritos na Prisão – Atos 3ª edição – Atos 1885 J. Orr, Visão Cristã de Deus e do Mundo – Atos 1ª edição – Atos 1893 I. A. Dorner, Sistema de Doutrina Cristã, edição inglesa – Atos 1885 J. H. Stirling, Filosofia e Teologia – Atos 1890 J.

Lindsay, Estudos em Filosofia Europeia – Atos 1909 Os Problemas Fundamentais da Metafísica – Atos 1910

James Lindsay

Orr, James, M.A., D.D. Editor Geral. “Entrada para ‘ETERNIDADE’”. “Enciclopédia Bíblica Internacional Padrão”. 1915.

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