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Eleição: Dicionário Bíblico e versículos na Bíblia

14 min de leitura

Eleição – Enciclopédia Internacional da Bíblia Padrão

Eleição

E-lek’-shun (ekloge, “escolha,” “seleção”):

Conteúdo

I. A Palavra na Escritura

II. O Elemento Misterioso

III. Incidência sobre Comunidade e Indivíduo

IV. Linguagem Bíblica Cognata e Ilustrativa

V. Limitações da Investigação Aqui. Escopo da Eleição

VI. Perseverança

VII. Considerações em Alívio do Pensamento

1. Antinomias 2. Fatalismo Outra Coisa 3. Os Aspectos Morais 4. “Sabemos em Parte” 5. O Futuro Desconhecido

I. A Palavra na Escritura.

A palavra está ausente do Antigo Testamento, onde o verbo hebraico relacionado (bachar) é frequente. No Novo Testamento, ocorre 6 vezes (Romanos 9.1Romanos 11.5,7,28; 1 Tessalonicenses 1.4; 2 Pedro 1.10). Em todos esses lugares, parece denotar um ato de seleção Divina que afeta objetos humanos para trazê-los a relações especiais e salvíficas com Deus:

Uma seleção tal que seja ao mesmo tempo uma coisa misteriosa, transcendendo a análise humana de seus motivos (tão eminentemente em Romanos 9.11), e tal que seja conhecida por seus objetos, que são exortados (2 Pe) a “torná-la segura,” certa, um fato para a consciência. É sempre (com uma exceção, Romanos 9.11) relacionada a uma comunidade, e assim tem estreita afinidade com os ensinamentos do Antigo Testamento sobre a posição privilegiada de Israel como a raça escolhida e selecionada.

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Os objetos da eleição no Novo Testamento são, de fato, o Israel de Deus, a nova raça regenerada chamada a privilégio especial e serviço especial. De um ponto de vista, o dos sinais externos do Cristianismo, eles podem assim ser descritos como a comunidade cristã em seu sentido mais amplo, o sentido em que a posição sacramental e a real são prima facie assumidas para coincidir.

Mas de 2 Pedro é manifesto que muito mais do que isso precisa ser dito se a incidência da palavra presente à mente do escritor deve ser corretamente sentida. Assume-se ali que o cristão, batizado e adorador, pode ainda precisar tornar “segura” sua “vocação e eleição” como um fato para sua consciência.

Isso implica condições na “eleição” que transcendem em muito os testes de rito sagrado e comunhão externa.

II. O Elemento Misterioso.

Tais impressões de profundidade e mistério na palavra são confirmadas pelos outros, passagens. Em Romanos 9.11 o contexto está carregado com os desafios mais urgentes e até mesmo surpreendentes à submissão e silêncio na presença do inescrutável.

Para ilustrar grandes afirmações quanto à liberdade e soberania dos tratos Divinos com o homem, o apóstolo traz Esaú e Jacó, indivíduos, gêmeos ainda não nascidos, e aponta para a diferença inescrutável da ação Divina em relação a eles como tais.

De alguma forma, como um fato, o Eterno aparece designando ao ainda não nascido Esaú um futuro de desfavor comparativo e a Jacó de favor; um futuro anunciado à mãe ainda grávida. Tal discriminação foi feita e anunciada, diz o apóstolo, “para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse.” Em toda a passagem, a maior ênfase é colocada sobre o isolamento da “eleição” do mérito ou demérito de seus objetos.

III. Incidência sobre Comunidade e Indivíduo.

É observável que a mesma característica, o inescrutável, o soberano, está ligada no Antigo Testamento à “eleição” de uma nação favorecida e privilegiada. Israel é repetidamente lembrado (veja por exemplo Deuteronômio 7) que o chamado e escolha Divina deles para serem o povo de Deus não tem relação com suas virtudes ou força.

A razão está fora de vista, na mente Divina. Assim também “o Israel de Deus” (Gálatas 6.16) no Novo Testamento, a comunidade cristã, “a nova raça peculiar,” detém seus grandes privilégios por favor totalmente imerecido (por exemplo, Tito 3.5).

E a natureza do caso aqui leva, como não leva no caso do Israel natural, ao pensamento de uma eleição Divina do indivíduo, igualmente inescrutável e soberana. Pois a ideia do Novo Israel envolve o pensamento de que em cada membro genuíno dele as provisões do Novo Pacto (Jeremias 31.31) estão sendo cumpridas:

Os pecados não são mais lembrados, e a lei é escrita no coração. O portador do nome cristão, mas não da posição e caráter espiritual cristão, não tendo “o Espírito de Cristo, não é dele” (Romanos 8.9).

A comunidade escolhida, portanto, não como parece ab extra, mas como é em sua essência, é uma comunhão de indivíduos, cada um dos quais é objeto de favor Divino imerecido, tomando efeito na nova vida. E isso envolve o exercício da misericórdia eletiva.

Compare por exemplo, 1 Pedro 1.3. E considere Romanos 11.4-7 (onde observe o uso excepcional de “a eleição,” significando “a companhia dos eleitos”).

IV. Linguagem Bíblica Cognata e Ilustrativa.

É óbvio que os aspectos de mistério que se acumulam em torno da palavra “eleição” não se limitam a ela sozinha. Uma classe importante de palavras, como “chamado,” “predestinação,” “presciência,” “propósito,” “dom,” carrega esse mesmo caráter; afirmando ou conotando, em contextos apropriados, o elemento do inescrutável e soberano na ação da vontade Divina sobre o homem, e particularmente sobre a vontade e afeição do homem para com Deus.

E será sentido por estudantes cuidadosos da Bíblia em seus ensinamentos maiores e mais gerais que uma característica profunda do Livro, que com toda a sua multiplicidade ilimitada é ainda um só, é enfatizar do lado do homem tudo o que pode humilhar, condenar, reduzir ao silêncio adorador (veja por exemplo passagens típicas João 40.3,1; Romanos 3.19), e do lado de Deus tudo o que pode trazer ao homem a transcendência e reivindicações soberanas de seu Criador todo-poderoso.

Não como pronunciamentos não relacionados, mas como parte de um vasto conjunto de visão e ensinamento, ocorrem tais passagens como Efésios 2.8,9 e Romanos 11.33-36, e até mesmo as frases severas, ou melhor, reverentes, de Romanos 9.20,21, onde o oleiro e o barro são usados como ilustração.

V. Limitações da Investigação Aqui. Escopo da Eleição.

Procuramos assim, no esboço mais simples, notar primeiro a palavra “eleição” e depois algumas palavras e princípios bíblicos relacionados, pesando o testemunho que dão a um profundo mistério na ação da vontade Divina sobre o homem, na esfera espiritual.

O que vimos deixa ainda não declarado o que, segundo a Escritura, é o objetivo e resultado do ato eletivo. Neste artigo, lembrando que faz parte de uma Enciclopédia Bíblica, não tentamos dar conta da história do pensamento sobre a eleição, nos séculos cristãos sucessivos, nem tampouco qualquer discussão da relação da eleição na Escritura com filosofias extra-bíblicas, teorias de necessidade, determinação, fatalismo.

Tentamos apenas ver o assunto como ele se apresenta diante de nós na Bíblia. Estudando-o assim, encontramos que essa ação misteriosa de Deus sobre o homem tem relação, na revelação cristã, com nada menos que a salvação do indivíduo (e da comunidade de tais indivíduos) do pecado e condenação, e a preservação dos salvos para a vida eterna.

Encontramos isso não tanto em qualquer passagem isolada, mas no fluxo principal da linguagem e tom bíblicos sobre o assunto da ação seletiva Divina. Mas é notável que no pensamento registrado do próprio Senhor encontramos afirmações nessa direção que dificilmente poderiam ser mais explícitas.

João 6.37,44,4João 10.27-29. Para o escritor, o melhor resumo das evidências escriturísticas, ao mesmo tempo definidas e contidas, é a linguagem do 17º artigo anglicano:

“Aqueles que são dotados com tão excelente benefício de Deus são chamados de acordo com o propósito de Deus pelo Seu Espírito trabalhando na devida estação; eles através da graça obedecem ao chamado; eles são justificados gratuitamente; eles são feitos filhos de Deus por adoção; eles são feitos à imagem de Seu único Filho gerado Jesus Cristo; eles andam religiosamente em boas obras, e finalmente, pela misericórdia de Deus, alcançam a felicidade eterna.”

VI. Perseverança.

O problema ansioso da PERSEVERANÇA será tratado sob essa palavra. Pode ser suficiente aqui dizer que tanto o que nos é permitido ler como revelado, quanto o que podemos humildemente apreender como a razão do caso, tendem à crença reverente de que uma perseverança (mais do Senhor do que dos santos) é tanto ensinada quanto implícita.

Mas quando ponderamos a natureza do assunto estamos amplamente preparados para a grande gama de Escrituras que, por outro lado, condenam e excluem, para o discípulo humilde, um uso tão grosseiro da doutrina que permitiria justificar um momento de presunção sobre a misericórdia Divina no coração que ao mesmo tempo está pecando contra o amor e a santidade Divina.

VII. Considerações em Alívio do Pensamento.

Fechamos, em vista deste último comentário, com algumas notas destacadas em alívio, lembrando bem a prova indizível que para muitas mentes devotas a palavra diante de nós sempre trouxe.

1. Antinomias:

Primeiro em lugar e importância está o pensamento de que um fato espiritual como a eleição, que pertence ao propósito e trabalho mais íntimo do Eterno, necessariamente nos leva a uma região onde a compreensão é impossível, e onde só podemos apreender reverentemente.

A doutrina passa para a esfera onde as antinomias vivem e se movem, onde devemos nos contentar em ouvir o que nos parecem contradições, mas que são realmente vários aspectos da verdade infinita. Devemos nos contentar em saber que a escolha Divina é soberana; e também que “suas ternas misericórdias estão sobre todas as suas obras,” que ‘Ele não deseja a morte de um pecador,’ que “Deus é amor.” Vamos aliviar a tensão dessa confiança submissa observando reverentemente como a suprema antinomia atende a um tipo de necessidade humana com seu lado, e com seu outro lado outra.

Para o “santo temeroso” a soberania Divina do amor é um cordial sagrado. Para o penitente buscador a abrangência Divina do amor abre a porta da paz. Para o teórico iludido que não ama e obedece, os avisos de uma queda e ruína que são possíveis, humanamente, de qualquer altura espiritual, são um farol misericordioso nas rochas.

2. Fatalismo Outra Coisa:

Além disso, lembramos que a eleição, nas Escrituras, é tão diferente quanto possível da necessidade fatalista dos, por exemplo, Estóicos. Nunca aparece como mecânica, ou como um destino cego. Tem a ver com a vontade de um Deus que nos deu provas supremas de que Ele é totalmente bom e totalmente gentil.

E está relacionada ao homem não como um ser indefeso e inocente, mas como um pecador. Nunca é apresentada como uma força maior arbitrária. Mesmo em Romanos 9 o “silêncio” exigido não é como se dissesse, “Você está irremediavelmente passivo no domínio do poder infinito,” mas, “Você, a criatura, não pode julgar seu Criador, que deve saber infinitamente mais sobre causa e razão do que sua obra pode saber.” O mistério, podemos ter certeza, tinha por trás dele direito e razão supremos, mas em uma região que pelo menos atualmente não podemos penetrar.

Novamente, a eleição nunca aparece como uma violação da vontade humana. Pois nunca na Bíblia o homem é tratado como irresponsável. Na Bíblia a relação das vontades humana e Divina é inescrutável; a realidade de ambas é assegurada.

3. Os Aspectos Morais:

Nunca a doutrina é apresentada fora de um contexto moral. É manifestamente destinada a aprofundar a submissão do homem a–não força, mas–mistério, onde tal submissão significa fé. Na experiência prática da alma seu efeito pretendido é enfatizar no crente a consciência (ela mesma nativa ao verdadeiro estado de graça) de que toda a sua salvação é devida à misericórdia Divina, nenhuma parte dela ao seu mérito, à sua virtude, à sua sabedoria.

Na alma santificada, que sozinha, certamente, pode fazer pleno uso da verdade misteriosa, ela é destinada a gerar, juntos e em harmonia, temor, ação de graças e repouso.

4. “Conhecemos em Parte”:

Uma cautela necessária em vista de todo o assunto é que aqui, se em algum lugar nas regiões do estudo espiritual, inevitavelmente “conhecemos em parte,” e em uma parte muito limitada. O tratamento da eleição às vezes na história cristã foi conduzido como se, menos pela luz da revelação do que por processos lógicos, pudéssemos tabular ou mapear todo o assunto.

Onde isso foi feito, e onde ao mesmo tempo, sob uma espécie de fascinação mental em vez de espiritual, a eleição foi colocada em primeiro plano no sistema de pensamento religioso, e permitida dominar o resto, a verdade foi (para dizer o mínimo) muitas vezes distorcida em um erro.

O caráter Divino foi obscurecido em sua beleza. A soberania foi divorciada do amor, e assim desfigurada em um decreto arbitrário, que tem como única razão a afirmação da onipotência. Assim, o grave erro foi cometido de aischron ti legein peri tou Theiou, “difamação de Deus.” Por exemplo, a revelação de uma seleção Divina positiva foi feita por inferência para ensinar uma rejeição correspondente implacável e terrível, como se o Amor Eterno pudesse alguma vez por qualquer possibilidade rejeitar ou esmagar até mesmo a mais tênue aspiração do espírito criado em direção a Deus.

Para tal pensamento nem mesmo as palavras sombrias de Romanos 9.18 dão desculpa bíblica. O caso ali em questão, o de Faraó, está longe de ser um de poder arbitrário pisoteando uma vontade humana voltada para Deus e para o bem.

Mais uma vez, o assunto é um sobre o qual devemos, por princípio, nos contentar com um conhecimento tão fragmentário que suas partes podem parecer contraditórias em nossa luz presente imperfeita. A única coisa de que podemos ter certeza por trás do véu é que nada pode estar escondido lá que realmente contradiga a verdade suprema e dominante de que Deus é amor.

5. O Futuro Desconhecido:

Finalmente, lembremo-nos de outro lado que aqui, como sempre nas coisas do Espírito, “conhecemos em parte.” A multidão escolhida é soberanamente “chamada, …. justificada, …. glorificada” (Romanos 8.29,30).

Mas para quais propósitos? Certamente não para um fim que termina em si mesmos. Eles são salvos, e mantidos, e elevados ao estado perfeito, para o serviço de seu Senhor. E só quando a nuvem for levantada da vida invisível poderemos possivelmente saber o que esse serviço sob condições eternas incluirá, que ministérios de amor e bondade em todo o universo do ser.

Handley Dunelm

Orr, James, M.A., D.D. Editor Geral. “Entrada para ‘ELEIÇÃO’”. “Enciclopédia Bíblica Padrão Internacional”. 1915.

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